Rússia acusa Ucrânia de tentar atrapalhar eleição presidencial

Ocorreram incidentes como o derramamento de tinta em urnas como forma de protesto contra o Kremlin, um ataque com coquetel molotov em uma seção eleitoral na cidade natal de Putin, denúncias de ataques cibernéticos e tentativas de incêndio criminosos

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Vladimir Putin – Crédito: Getty Images

Vladimir Putin declarou que vai punir a Ucrânia por interferir na eleição presidencial do país. Moscou acusou Kiev de bombardear território russo e utilizar cerca de 2.500 soldados armados para cruzar as fronteiras do país.

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No primeiro dia da eleição, na sexta-feira (15), ocorreram incidentes, como o derramamento de tinta em urnas em protesto contra o Kremlin, um ataque com coquetel molotov em uma seção eleitoral na cidade natal de Putin, denúncias de ataques cibernéticos e tentativas de incêndio criminosos em seções em Moscou e na Sibéria.

Além disso, Putin afirmou que grupos armados ucranianos realizaram quatro ataques em Belgorod e um em Kursk. Segundo ele, esses grupos estavam equipados com 35 tanques, 40 veículos blindados, e sofreram uma baixa de 60% dos soldados. No entanto, de acordo com a Ucrânia, grupos armados russos que se opõem ao Kremlin e estão baseados na Ucrânia realizaram esses ataques.

“Esses ataques inimigos não ficarão impunes”, foi o que disse Putin ao Conselho de Segurança da Rússia.

Apesar disso, nesse contexto da eleição presidencial, o presidente russo mantém um controle político absoluto no país e nenhum dos outros três candidatos representa uma ameaça real para ele.

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Mais de 114 milhões de russos têm o direito de votar, incluindo aqueles em áreas consideradas como seus “novos territórios”, que seriam quatro regiões da Ucrânia onde as forças russas têm controle parcial, mas que são reivindicadas como parte da Rússia. Por sua vez, Kiev argumenta que a realização de eleições nessas áreas é ilegal e sem validade.

O voto dos ucranianos em regiões ocupadas

Desde 25 de fevereiro, pessoas identificadas com crachás têm visitado todas as residências nas partes controladas pela Rússia de quatro regiões da Ucrânia. Essas pessoas carregam listas de eleitores, solicitam aos moradores suas identidades e os encorajam a preencher um formulário de votação antecipada. Neste documento, há nomes de quatro candidatos da eleição presidencial russa.

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Os ucranianos raramente se recusam a preencher o formulário de votação, uma vez que, ao lado desse oficial eleitoral, há sempre um soldado russo mascarado e armado. As informações são da Al Jazeera.

“Não há segredo de voto”, contou uma ex-moradora de Mariupol. “As pessoas que amam a Ucrânia devem submeter-se ao regime e fingir que apoiam tudo o que está acontecendo porque temem pelas suas vidas”.

Apesar disso, ela mencionou que há grupos de resistência compostos principalmente por jovens. Eles compartilham informações com os serviços de inteligência da Ucrânia a respeito da quantidade, localização de soldados e equipamentos. Enquanto isso, alguns têm a esperança de que votar nas eleições lhes garanta a liberdade de deixar a região sob ocupação.

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Os poucos ucranianos que optaram por não votar ou criticaram as eleições foram detidos e levados para prisões informais nas áreas controladas pela Rússia nas regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhia e Kherson, de acordo com o Grupo Oriental de Direitos Humanos, uma organização ucraniana.

Ainda, conforme esperado, Kiev criticou a votação para eleição presidencial nessas áreas ocupadas. “A campanha para imitar uma eleição presidencial mostra o desrespeito ainda mais insolente da Rússia pelos padrões e princípios do direito internacional”, foi o que afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado na quinta-feira (14).

 * Sob supervisão de Lilian Coelho

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