Governo antecipa proibição dos cartões de crédito para apostar

Medida antecipa proibição de pagamento de apostas online com cartões de crédito para outubro de 2024, com objetivo de conter o endividamento

Haddad informou que apostadores que têm dinheiro em empresas de apostas online irregulares terão dez dias para sacar os recursos.
O governo pretende adotar medidas para reforçar a regulamentação das apostas online – Crédito: Canva Fotos

Em uma decisão surpreendente, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) antecipou a proibição do pagamento de apostas online com cartões de crédito para o dia 2 de outubro de 2024. Inicialmente, essa medida estava prevista para entrar em vigor apenas no início de 2025. A mudança busca conter o superendividamento entre os apostadores, garantindo um maior controle financeiro para os consumidores envolvidos neste mercado.

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A decisão foi tomada em uma reunião extraordinária que contou com a presença de representantes de grandes instituições financeiras do país, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e grandes bandeiras de cartão, incluindo Visa, Elo e Mastercard. Essas entidades expressaram suas preocupações sobre o impacto das apostas online no endividamento da população e na economia como um todo.

Por que Proibir o Uso de Cartão de Crédito em Apostas Online?

A partir de 1º de outubro, as casas de apostas integrantes da ANJL interromperão a aceitação de cartões de crédito.
As apostas não poderão ser feitas com cartões de crédito – Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil

A principal razão para a proibição é o crescente número de pessoas endividadas devido ao uso descontrolado dos cartões de crédito para financiar suas apostas. Apesar disso, o cartão de crédito tem sido considerado inexpressivo nesse mercado. Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o Pix é atualmente o principal método de pagamento das apostas, representando mais de 85% das transações.

Essa estatística conduziu a Abecs a priorizar o debate sobre a eficácia da proibição de outras linhas de crédito, uma vez que o Pix também se conecta diretamente a opções como o cheque especial. Essa conexão pode resultar em um aumento considerável do endividamento dos usuários.

Qual o Impacto do Pix nas Apostas Online?

Rodrigo Cavalcante, especialista em finanças e estatística, faz ressalvas sobre o papel do Pix no cenário das apostas online. Desde a Copa do Mundo de 2022, o uso desse meio de pagamento disparou, facilitando o acesso a diferentes linhas de crédito de forma quase invisível para os usuários. Essa facilidade pode abrir portas para um aumento do risco financeiro entre apostadores, criando um ciclo de dívidas sem fim.

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Como Prevenir o Superendividamento com Apostas?

Para evitar o superendividamento, Cavalcante sugere algumas medidas práticas que podem ser aplicadas por apostadores e instituições financeiras:

  • Educação financeira para todos os envolvidos, desde apostadores até as operadoras de cartão.
  • Legislação rígida e específica focada em regular o mercado de apostas online.
  • Monitoramento contínuo das transações, com o objetivo de identificar e controlar atividades suspeitas.
  • Limitação de crédito diretamente associada aos métodos de pagamento mais populares no setor de apostas online.

Além dessas ações, há um apelo para uma maior responsabilização dos jogadores. Compreender os riscos do jogo e adotar práticas conscientes ao participar de apostas online são passos cruciais para evitar problemas financeiros futuros.

A Regulação do Mercado de Apostas: Necessária ou Exagerada?

O panorama para o setor de apostas está em constante mudança e levanta a questão de quão rígidas devem ser as regulações. Após o aumento exponencial de novos usuários e volumes transacionais no mercado pós-Copa 2022, o governo e as entidades financeiras começaram a se mover para proteger os consumidores de riscos financeiros.

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Os próximos passos, portanto, não se limitam apenas à proibição do uso de cartões de crédito. A necessidade de uma regulamentação abrangente está em pauta, procurando equilibrar o crescimento deste mercado com a segurança financeira da população.

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