O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, descartou nesta quarta-feira (16) a possibilidade de retorno do horário de verão em 2024. O governo vai avaliar se a medida será retomada a partir de 2025, levando em conta a segurança energética e as condições hídricas do país.
“Na última reunião com o ONS [Operador Nacional do Setor Elétrico], chegamos à conclusão de que não há necessidade de decretação do horário de verão para este período, para este verão”, afirmou Silveira. Segundo ele, o país vive um momento de início, ainda que modesto, de recuperação hídrica. Com isso, será possível analisar o retorno da política no próximo ano.
Silveira enfatizou que o horário de verão deve ser discutido com cuidado. “É importante que ele [horário de verão] seja sempre considerado, ele não pode ser fruto de uma avaliação apenas dogmática ou de cunho político. É uma política que tem reflexos tanto positivos quanto negativos no setor elétrico e na economia, portanto deve sempre estar na mesa para uma avaliação precisa do governo federal”, declarou. O ministério também levou em conta a melhoria nas chuvas e no nível dos reservatórios, afastando a necessidade de adiantar os relógios em 2024.
Coletiva 16/10/24:“Sobre a possibilidade da volta da política do horário de verão, essa é uma política adotada por diversos países do mundo. Vemos essa política de maneira muito importante para dar suporte nas sobrecargas na ponta e perda das energias intermitentes ao fim do dia”
— Alexandre Silveira (@asilveiramg) October 16, 2024
Cenário do horário de verão para os próximos anos
Se o horário de verão fosse retomado já este ano, haveria pouco tempo para que setores estratégicos, como a aviação, ajustassem suas operações. Além disso, em setembro, o ONS indicou que a economia com a medida poderia chegar a R$ 400 milhões em 2024. Caso o retorno ocorra apenas em 2026, a previsão é de uma economia ainda maior, de até R$ 1,8 bilhão por ano.
O horário de verão, que historicamente foi adotado entre outubro e março, tem como objetivo otimizar o uso da luz solar, promovendo economia no consumo de energia. Entretanto, com as mudanças nos hábitos da população, sua eficácia foi reduzida. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) suspendeu a medida, que agora volta ao debate por seu potencial de aproveitar melhor a energia solar e reduzir o uso de termelétricas, mais caras e poluentes.
O ONS afirma que o horário de verão ajuda a maximizar o uso das fontes de energia solar e eólica, o que contribui para a redução da demanda energética em horários de pico. Quando a geração solar diminui no início da noite, o aumento da produção de energia eólica ajuda a compensar, mas há um período intermediário que necessita ser coberto por outras fontes, como hidrelétricas ou termelétricas.
O objetivo da medida é reduzir esse pico de consumo, transferindo-o para horários em que a geração solar é maior, minimizando a necessidade de acionar usinas térmicas, o que preservaria os reservatórios das hidrelétricas e resultaria em uma operação mais econômica e sustentável para o sistema elétrico.
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