Sea Shepherd Brasil

Nathalie Gil: “Os oceanos ficam esquecidos na pauta de meio ambiente”

Em entrevista exclusiva, a presidente e diretora-executiva da ONG Sea Shepherd Brasil faz um alerta quanto à importância da preservação da vida marinha. “As pessoas acham que o oceano é o supermercado”, afirma

oceanos
Nathalie Gil é Presidente e Diretora Executiva da Sea Shepherd Brasil – Crédito: Divulgação

Conversar por cinco minutos com Nathalie Gil, presidente e diretora-executiva da ONG Sea Shepherd Brasil, é adquirir um grau de consciência sobre os oceanos que, vivendo em uma metrópole como São Paulo, é bem difícil. “As pessoas acham que o oceano é o supermercado de casa”, diz Nathalie, com a resiliência de quem sabe o tamanho da luta que tem diante de si em nome da defesa da vida marinha.

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O que parece uma contradição, já que, para que haja vida no planeta, é necessário defender os oceanos dos próprios seres humanos. “As pessoas não têm consciência, mas impactamos os oceanos diretamente. Chamamos animais marinhos que consumimos de ‘frutos do mar’, como se fossem retirados de uma árvore.

Ela afirma que “o oceano é um elefante azul no meio da sala”  e defende que seja uma pauta mais presente quando se fala em proteção ao meio ambiente. “Despejamos aquilo que não queremos ver no dia a dia, os químicos da indústria e retiramos recursos e muito da vida marinha para nosso proveito de uma maneira exacerbada.

Pesca ilegal

Em uma palestra da Nathalie foi possível observar a indignação da plateia a respeito de um caso: em uma das expedições a equipe da ONG Sea Shepherd retirou dos oceanos 72 quilômetros de redes. Isso equivale a uma distância como a de Santos à Capital Paulista.

“Há a impressão de que o peixe que chega às nossas mesas é por meio de pequenos pescadores com suas varas. Mas a pesca é feita de forma muito predatória no Brasil e no mundo. 1/5 do que consumimos vem da pesca ilegal. Não há limites”, explica Nathalie.

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Cada um deve fazer a sua parte

Nathalie afirma que são necessárias políticas públicas voltadas para a proteção dos oceanos. Mas sabe que a iniciativa privada e os cidadãos devem fazer sua parte, principalmente no que diz respeito à diminuição do consumo de plástico.

“O  plástico vai muito além do canudo e o que usamos por apenas alguns minutos fica por anos em decomposição na natureza. Isso vai parar nos oceanos”, explica.

Itens de plástico descartável, como sacolas, canudos, pratos, talheres, não ficam apenas na superfície do mar. Grande parte dessa poluição segue para o fundo dos oceanos, afetando o habitat de diversas espécies, asfixiando ou tirando a locomoção de peixes e tartarugas, por exemplo.

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O plástico também serve como alimento para animais bastante consumidos pelo ser humano, como salmão e tilápia, por exemplo. “Já são quase 700 espécies afetadas pelo plástico. Defendemos que o melhor a fazer é reduzir o consumo destes animais. Peixes acumulam metais pesados e isso se volta contra o próprio ser humano. É uma contaminação silenciosa, causando danos ao organismo e doenças, como o câncer, por exemplo.”

Sea Shepherd

A Sea Shepherd é uma organização internacional sem fins lucrativos de conservação da vida marinha. Fundada em 1977, tem como missão  defender, conservar e proteger a vida na água e ecossistemas. Depois de atuar por mais de 15 anos em agências de comunicação, Nathalie decidiu mudar os rumos de sua carreira e percebeu que precisava impactar positivamente o mundo em que vive.

Ao morar embarcada em um navio da ONG, descobriu seu propósito. “Foi uma experiência divisora de águas para mim. Fazia os trabalhos mais manuais que você pode imaginar. Limpava banheiros, montava móveis, desenferrujava um grande navio antigo de 40 metros. Meu rosto acabava totalmente sujo e coberto de fuligem todos os dias. Mas eu estava irradiante, feliz“, conta.

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Ao participar de uma expedição científica, lembra que teve a oportunidade de entender mais sobre a vida marinha e observar no olho as baleias, os tubarões e as tartarugas. “Eles são seres sencientes – capazes de sentir sensações e sentimentos de forma consciente -, mas que ao mesmo tempo não têm voz para se defender da nossa destruição”.

Nathalie defende que haja uma conscientização de toda a sociedade em torno destas vidas e, além disso, da vida humana. “A gente não precisa ver o oceano como essa coisa lá longe. Nós somos água, dependemos da água para sobreviver. Preservar o oceano é preservar a vida no planeta Terra; se o oceano morre, a gente morre”, conclui.

Veja a entrevista completa!

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