11° MULHER

Quem é Lilia Schwarcz, eleita para cadeira da ABL?

Lilia ocupará a nona cadeira, deixada por Alberto da Costa e Silva, que faleceu ano passado

Lilia é a 11° mulher a integrar a organização em seus 127 anos de existência e será a quinta componente das cadeiras atuais.
Lilia Moritz Schwarcz – Créditos: Reprodução

Lilia Moritz Schwarcz é historiadora e antropóloga e foi eleita nesta quinta-feira (7) para ocupar a cadeira número nove na Academia Brasileira de Letras (ABL). Ela teve o voto de 24 dos 38 acadêmicos que compõe o corpo e estão aptos a votação e é a 11° mulher a integrar a organização.

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A vaga está em aberto desde dezembro do ano passado, quando o historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva, de 92 anos, faleceu. Ele era um dos maiores especialistas em cultura africana do Brasil.

De acordo com Lilia, o fato de a cadeira ter sido ocupada por Costa e Silva foi o que levou a historiadora a se candidatar à ABL. Em dezembro, quando anunciou sua inscrição para a academia, ela disse em entrevista à Folha que tem proximidade intelectual com o historiador.

Sempre nos preocupamos com as mesmas causas, do movimento negro, da igualdade racial“, afirmou. Na ABL, há uma tradição de que o sucessor da cadeira deve ter perfil de alguma maneira similar com quem veio antes.

Costa e Silva deixou como legado livros de pesquisa, como “A Enxada e a Lança: a África Antes dos Portugueses” e “A Manilha e o Libambo: a África e a Escravidão, de 1500 a 1700“.

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Além de Schwarcz, estavam na disputa seis escritores e intelectuais: Antônio Hélio da Silva, Chirles Oliveira Santos e J. M. Monteirás, Edgard Telles Ribeiro, Martinho Ramalho de Melo e Ney Suassuna. Os mais conhecidos são Telles Ribeiro, um diplomata já aposentado e autor de romances como “Histórias Mirabolantes de Amores Clandestinos” e “Olho de Rei” e Ney Suassuna, que foi senador e ministro no governo Fernando Henrique Cardoso, além de primo do imortal Ariano Suassuna.

A pesquisadora ter sido eleita é, também, uma forma de atender à grande demanda por maior representatividade feminina dentro da ABL. A instituição tem 127 anos, tendo sido criada em 1897 por Machado de Assis. Até a década de 50, previa sua composição apenas por brasileiros, no masculino. Uma mulher só pode ingressar a ABL em 1980, quando Dinah Silveira de Queiroz, escritora e autora de “A Muralha“, concorreu pela segunda vez e venceu vaga de imortal – ou seja, vitalícia.

A partir dos anos 2000, a presença de mulheres tem sido mais frequente dentro da academia, por mais que em números seja mínimo quando comparado aos homens. Atualmente, quatro mulheres compõe a instituição, ao lado de 35 homens, sendo elas Rosiska Darcy de Oliveira, Ana Maria Machado, Fernanda Montenegro e Heloisa Teixeira. Lilia Moritz Schwarcz será a quinta.

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Quem é Lilia Moritz Schwarcz?

Lilia já venceu cinco vezes o prêmio Jabuti, é uma das fundadoras da editora Companhia das Letras e autora de famosos livros, como “As Barbas do Imperador“, “Lima Barreto – Triste Visionário“, “Dicionário da Escravidão e da Liberdade” o qual escreveu junto de Flávio Santos Gomes e “Brasil: Uma Biografia“, ao lado de Heloisa Starling. 

Além de suas mais de 30 publicações, Lilia é professora do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP), professora convidada na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos e é membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da República.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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