FÓRMULA 1

Hamilton comemora condenação de Nelson Piquet por falas racistas e homofóbicas

O ex-piloto brasileiro chamou Hamilton duas vezes de “neguinho”, durante uma entrevista.

Hamilton comemora condenação de Nelson Piquet por falas racistas e homofóbicas
As falas de Piquet foram retiradas de uma entrevista de 2021, que viralizou na internet apenas em junho do ano passado (Crédito: Lars Baron/Getty Images e Clive Mason/Getty Images)

Lewis Hamilton, heptacampeão da Mercedes, comemorou a decisão da Justiça que condena Nelson Piquet a pagar R$ 5 milhões a entidades de promoção da igualdade racial e combate à LGBTQIA+fobia, após o piloto brasileiro ter feito afirmações racistas e homofóbicas sobre ele.

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A decisão da Justiça saiu na última sexta-feira (31), nove meses após as falas se tornarem conhecidas.

Logo que isso aconteceu, eu comentei sobre isso e ainda acredito que não devemos dar atenção para essas pessoas cheias de ódio. Mas eu gostaria de reconhecer o que o governo do Brasil fez, é impressionante que tenham responsabilizado alguém e mostrado às pessoas que isso não é tolerado. Racismo e homofobia não são aceitáveis, não há lugar para isso em nossa sociedade. Por isso, amo que tenham mostrado que eles se posicionam”, disse Hamilton, no GP da Austrália.

Entrevista viralizada

As falas de Piquet foram retiradas de uma entrevista de 2021, que viralizou na internet apenas em junho do ano passado. Nela, o ex-piloto brasileiro chama Hamilton duas vezes de “neguinho”, quando opina sobre a batida do heptacampeão com seu genro, o bicampeão Max Verstappen, no GP da Inglaterra de 2021.

“O “neguinho” meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, “aqui eu arranco ele de qualquer maneira”. O “neguinho” deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem”, afirmou Piquet na entrevista.

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Após a viralização, Hamilton debochou do ex-piloto ao compartilhar um tweet que questiona quem é Piquet. Entretanto, ele também cobrou por mudança de mentalidade e combate efetivo ao racismo. Além disso, a Fórmula 1, a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e rivais do britânico e da Mercedes se posicionaram.

Alguns dias depois, outro trecho do vídeo se espalhou pela internet. Nele, Piquet ofende o antigo rival Keke Rosberg (campeão da F1 em 1982 e pai de Nico Rosberg, colega e adversário de Hamilton de 2013 a 2016) e tem uma fala homofóbica.

Segundo o portal Terra, em defesa, Piquet disse que o termo “neguinho” é usado como sinônimo de “rapaz” e “pessoa” no português brasileiro: “Eu gostaria de esclarecer a história que tem circulado na mídia a respeito de um comentário que fiz em uma entrevista no ano passado. O que eu disse foi mal pensado, e não há defesa para isso. Mas gostaria de esclarecer que o termo é historicamente usado de forma coloquial no português brasileiro como um sinônimo de rapaz ou pessoa, mas sem a intenção de ofender. Eu nunca usaria a palavra da qual tenho sido acusado em algumas traduções. Condeno toda e qualquer sugestão de que a palavra que usei tenha sido direcionada de forma depreciativa ao piloto por causa da cor de pele dele”. 

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Entretanto, entidades de promoção da diversidade racial e da comunidade LGBTQIA+ processaram Piquet, e a ação foi acatada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MP-DTF). No início de março, o órgão pediu a condenação do ex-piloto, confirmada por sentença do juiz Pedro Matos de Arruda.

Sentença

“Esta ofensa é intolerável. Mais ainda quando se considera a projeção que é dada quando é uma pessoa tão reconhecida e tão admirada como o réu. Assim, tenho que o dano moral coletivo está caracterizado, porque houve ofensa grave aos valores fundamentais da sociedade. Desta forma, considerando que o réu se propôs a pagar mais de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para ajudar na campanha eleitoral de um candidato à presidência da república (Jair Bolsonaro), objetivando certamente a melhoria do país segundo as suas ideologias, nada mais justo que fixar a quantia de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) – que é o valor mínimo de sua renda bruta anual – para auxiliar o país a se desenvolver como nação e para estimular a mais rápida expurgação de atos discriminatórios”, declarou o magistrado na sentença.

Hamilton também afirmou que outras nações deveriam seguir o exemplo da Justiça brasileira. Na última semana, ele se posicionou contra a aprovação de uma lei que criminaliza a homossexualidade na Uganda, país do Leste da África.

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“Gostaria que outros governos fizessem isso, como você viu na Uganda. Ainda há mais uns 30 países na África e Oriente Médio (que criminalizam homossexualidade), há muito o que se pode aprender disso”, comentou o heptacampeão.

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