A polícia suíça agiu após o primeiro caso de uso da cápsula de suicídio, chamada Sarco. Diversas pessoas foram presas sob suspeita de incitamento e auxílio ao suicídio. O incidente ocorreu na segunda-feira (23) em Schaffhausen, uma região vizinha à Alemanha. A vítima utilizou a cápsula Sarco, que promete um método de eutanásia sem necessidade de assistência médica. O alerta sobre o suicídio foi dado por um escritório de advocacia.
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Cápsula de suicídio Sarco
De acordo com a polícia, a cápsula Sarco, desenvolvida para facilitar o suicídio assistido, foi utilizada em uma cabana na área florestal de Merishausen. O dispositivo pode ser operável exclusivamente pela pessoa que deseja terminar sua vida. Ele utiliza nitrogênio para reduzir rapidamente os níveis de oxigênio, resultando em perda de consciência e morte em aproximadamente 10 minutos.
Na Suíça, o método mais utilizado para o suicídio assistido envolve a ingestão de líquidos que provocam a morte. Já a cápsula portátil Sarco, pode ser impressa em 3D e montada em casa. Ela é ativada por dentro e possui um botão de emergência para saída.
Daniel Huerlimann, professor da Universidade St. Gallen, consultado pela Sarco, argumenta que a cápsula não se encaixa como dispositivo médico e, consequentemente, não se beneficia das proteções da legislação de eutanásia na Suíça. Além disso, ele mencionou que o uso do dispositivo não cumpre os requisitos legais relacionados à utilização de nitrogênio.
Contudo, o advogado Kerstin Noelle Vkinger da Universidade de Zurique argumenta o contrário ao jornal Neue Zurcher Zeitung. “Dispositivos médicos são regulados porque devem ser mais seguros que outros produtos. Só porque um produto é danoso à saúde não significa que também seja afetado por essas exigências adicionais de segurança.”
Implicações éticas e legais
A Suíça registrou cerca de 1.250 casos de suicídio assistido em 2023, segundo dados da mídia estatal. Críticos afirmam que o design moderno da cápsula Sarco pode romantizar o ato, enquanto defensores destacam a autonomia oferecida pelo dispositivo. No Reino Unido e na maioria dos países europeus, o suicídio assistido é proibido. No Brasil, a eutanásia é crime, com penas de até 20 anos de prisão. Já o auxílio ao suicídio pode levar a condenações de seis meses a dois anos.
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