Mesmo hoje, é impossível falar sobre os artistas mais importantes e influentes da história sem mencionar o nome do italiano Leonardo da Vinci. O pintor, cientista, escultor, poeta e músico revolucionou para sempre a História da Arte por diversas razões, tendo deixado como legado uma das pinturas mais famosas do mundo: a ‘Mona Lisa‘. E mesmo sendo produzido em 1503, o quadro ainda hoje revela uma série de segredos.
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Na última quarta-feira, 11, especialistas do Instituto de Pesquisa em Química de Paris (CNRS), em parceria com Centro de Pesquisa e Restauração dos Museus da França, do Museu Louvre e da Instalação Europeia de Radiação Síncrotron (ESRF), publicaram no periódico Journal of the American Chemical Society um novo e surpreendente achado no quadro de da Vinci: um composto mineral incomum em sua camada de fundo, identificado também, ainda, em outro de seus mais famosos quadros, ‘A Última Ceia’.
“Na ‘Mona Lisa’, encontramos uma quantidade relativamente alta de plumbonacrita, um composto incomum que acreditamos ser devido a uma mistura específica de óleo com óxido de chumbo”, explica em comunicado o pesquisador do laboratório de fotofísica e fotoquímica supramolecular e macromolecular do CNRS e autor do estudo, Victor Gonzalez.
O componente, no entanto, não era desconhecido pelos cientistas. Ele já havia sido identificado outra vez na considerada obra-prima do pintor holandês Rembrandt, ‘A Ronda Noturna’, produzida mais de 100 anos depois. Por isso, os pesquisadores tentam levantar teorias para tentar explicar a presença da substância nas obras, mesmo com a diferença de período entre os artistas.
Análise de manuscritos
De acordo com a Revista Galileu, para que os cientistas entendessem mais sobre as confecções de Leonardo da Vinci, eles analisaram manuscritos e algumas traduções das antigas “receitas” do italiano. “Isso foi incrivelmente difícil porque as palavras que Leonardo usou são muito diferentes da terminologia atual e devido à diferença entre os termos usados em pintura e química”, pontua Marine Cotte, cientista da ESRF e coautora do estudo.
Uma referência ao composto até chegou a ser feita por da Vinci em um de seus textos, mas a menção ocorreu somente no contexto de uma prática farmacêutica. No entanto, os pesquisadores acreditam que a substância também pôde ter sido usada em pinturas, como uma tinta espessa para cobrir todo o painel de madeira do quadro, antes de começar a pintar a ‘Mona Lisa’.
“Com este estudo, fornecemos elementos-chave para entender as receitas de da Vinci e a evolução de suas pinturas ao longo do tempo”, pontua Victor Gonzalez. “Os resultados da pesquisa mostram que ele experimentou com a preparação de camadas de fundo espessas e opacas.”