veja "bastidores" da negociação

EUA e Rússia realizam troca histórica de prisioneiros

Entenda como se deu a maior negociação entre os países desde a Guerra Fria

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Biden e Harris receberam presos após troca histórica com a Rússia – Créditos: Mostafa Bassim/Anadolu via Getty Images

Foram alguns anos até que uma troca secreto entre a Rússia e os EUA chegasse ao fim. Nesta quinta-feira (1), um assassino russo e um correspondente de um jornal norte-americano pousaram na Turquia. As negociações envolveram, ao todo, 24 detidos, incluindo cinco alemães e sete cidadãos nativos que estavam sob custódia da Rússia.

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Como foram as negociações?

Os primórdios do acordo ocorreram em 2022. Porém, o processo se intensificou no início deste ano e nas últimas semanas, especialmente.

As negociações chegaram a ser comprometidas por causa da guerra na Ucrânia. “Foi o resultado de muitas rodadas de negociações complexas e meticulosas ao longo de muitos e muitos meses”, disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA, à BBC.

Representantes da Casa Branca dos EUA informaram que o acordo começou no segundo semestre de 2022, quando os Estados Unidos estavam negociando a libertação da atleta Brittney Griner. A jogadora de basquete havia sido presa em uma colônia penal por possuir óleo de Cannabis. Ela foi liberada em troca pelo traficante de armas russo Viktor Bout.

De acordo com as autoridades, a Rússia aproveitou as conversas para garantir a soltura do assassino Vadim Krasikov. Até então, o homem cumpria pena de prisão perpétua na Alemanha após matar um homem a tiros em Berlim.

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Envolvimento de outros países

O conselheiro de segurança dos EUA conversou com um colega alemão sobre as demandas da Rússia, perguntando se Berlim o soltaria em troca de Alexei Navalny, ativista anti-Putin e líder da oposição que estava detido pelo governo russo. No momento, a Alemanha não deu uma resposta definitiva.

Enquanto isso, Washington estabeleceu que queria a soltura de Navalny e de Paul Whelan, um ex-fuzileiro naval preso por acusações de espionagem na Rússia em 2018.

Troca avançou

Ao final de março de 2023, o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich, de 31 anos, foi preso na Rússia durante uma viagem para uma reportagem. Os EUA ficaram sabendo da sua detenção, e o presidente Joe Biden instruiu o conselheiro de segurança do país a fechar um acordo para trazê-lo de volta, junto com Whelan.

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Dali em diante, a negociação avançou. Os EUA contataram a Rússia diretamente, e os ministros das Relações Exteriores se falaram por telefone.

As negociações permaneceram tensas, já que os Estados Unidos não queria envolver o serviço secreto para não corroborar com as acusações de espionagem contra o jornalista. A Rússia, por sua vez, rejeitava todas as ofertas que não incluíam o assassino Vadim Krasikov.

Diante disso, Moscou afirmou que, em última instância, trocaria os norte-americanos acusados de espionagem por seus agentes presos. Assim, os EUA procuraram mais espiões russos detidos pelos seus aliados para ampliar a negociação.

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Em fevereiro deste ano, o chanceler alemão Olaf Scholz se encontrou com Biden para discutir as opções de troca. Similarmente, a Rússia começou a emitir sinais de que estaria aberta a negociar. No mesmo mês, em entrevista com a Fox News, Putin disse: “não descarto que Gershkovich possa retornar à sua terra natal”.

Um grande obstáculo

Em 16 de fevereiro deste ano, poucos dias antes de uma reunião entre os EUA e a Alemanha, o prisioneiro Alexei Navalny morreu em sua cela na Sibéria aos 47 anos. Autoridades russas disseram que ele faleceu de causas naturais, apesar de protestos de amigos e alguns líderes estrangeiros.

Para manter o acordo, a Casa Branca negociou a libertação de três detidos que haviam trabalhado diretamente com Navalny na luta da oposição a Putin.

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Um novo acordo de troca

EUA e Alemanha se reagruparam para reformular o acordo. A vice-presidente Kamala Harris se encontrou com o primeiro-ministro da Eslovênia, para discutir a soltura de dois prisioneiros russos de alta prioridade para Moscou. Ambos eventualmente seriam libertados.

A democrata foi também para a Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha, onde falou com o chanceler sobre a importância de entregar Krasikov.

O acordo foi submetido à Rússia e, em meados de julho, Moscou respondeu concordando com os termos da proposta.

Desistência de Biden

A saída de Biden da corrida eleitoral gerou receios sobre as negociações. Afinal, o acordo não estava garantido, mesmo com o avião a postos e as rotas dos prisioneiros planejadas.

“Prendemos a respiração e cruzamos os dedos até algumas horas atrás”, disse Sullivan na tarde de quinta-feira, enquanto relembrava as etapas da troca.

Porém, a troca foi bem-sucedida. Biden postou uma foto dos americanos libertados juntos em um avião com destino aos EUA. “Estão seguros, livres e começaram sua jornada de volta aos braços de suas famílias.”

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