ADAPTAÇÃO

Gansos do Ártico mudam rota migratória para sobreviver às mudanças climáticas

“Isso dá alguma esperança de resgate ecológico em tempos de mudanças ambientais muito radicais devido às mudanças climáticas”, explicou Jesper Madsen, professor da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.

Gansos do Ártico mundam rota migratória para sobreviver às mudanças climáticas
Madsen e seus colaboradores estudaram o comportamento da população de gansos de patas cor-de-rosa de Svalbard, na Noruega, por mais de 35 anos (Crédito: Andy Hawkins/Wikipedia Commons)

Os gansos do Ártico escolheram uma nova rota migratória e um novo local de reprodução a aproximadamente 1.000 quilômetros de distância dos seus habitats regulares, segundo um estudo publicado na revista Current Biology. Isso mostra como essas aves conseguiram se adaptar rapidamente às mudanças climáticas e seus muitos efeitos adversos.

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“É extremamente fascinante testemunhar uma evolução tão rápida de novas rotas de pouso e migração por uma espécie de ave considerada muito tradicional em seu comportamento e uso do local”, explicou Jesper Madsen, professor da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e um dos principais autores do estudo publicado.

“Isso dá alguma esperança de resgate ecológico em tempos de mudanças ambientais muito radicais devido às mudanças climáticas e, de uma forma mais ampla, às mudanças globais”, acrescentou ele.

Segundo o site Weekend, do Grupo Perfil, Madsen e seus colaboradores estudaram o comportamento da população de gansos de patas cor-de-rosa de Svalbard, na Noruega, por mais de 35 anos. E por meio de um programa sistemático de marcação e revisão, eles conseguiram ter um grande controle sobre o tamanho da população dessa ave e sobre as suas variáveis ​​demográficas.

Durante a primavera de 2018 e 2019, a equipe de profissionais viajou para Oulu, na Finlândia, para capturar e marcar alguns gansos de patas cor-de-rosa com tags GPS. Eles ficaram muito surpresos ao observar que metade dos indivíduos marcados em Oulu migrou para o nordeste, para Novaya Zemlya, no norte da Rússia.

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Com isso e com outras informações de marcação que coletaram, os profissionais puderam concluir que os gansos seguiram uma nova rota e, que as fêmeas estavam se reproduzindo lá, mais de 1.000 quilômetros a leste dos locais de reprodução habituais em Svalbard.

“Também foi ótimo observar que os gansos da rota tradicional apareceram na nova rota e pareciam ter mudado. Portanto, o aprendizado social e o rastreamento de indivíduos da nova rota foram um fenômeno importante, o que também explica como esse desenvolvimento pode ser tão rápido”, afirmou Madsen.

Com esse estudo, os profissionais acreditam que, por mais que muitos animais migratórios que se reproduzem no Ártico estão ameaçados pelo aquecimento global e outras pressões induzidas pelo homem, há algumas evidências de mudanças no comportamento migratório que podem amortecer impactos prejudiciais, como o caso dos gansos árticos e suas novas rotas migratórias.

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“O comportamento social dos gansos, que resulta na transmissão cultural do comportamento migratório entre membros da mesma espécie, bem como em bandos de espécies mistas, é a chave para esse rápido desenvolvimento e atua como um mecanismo que permite o resgate ecológico em um mundo em rápida mudança. O número de aves cresceu de 3.000 para 4.000, o que é explicado pelo crescimento intrínseco e pela imigração contínua da rota original”, concluiu Madsen.

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