Os incêndios florestais que se alastraram pelo Havaí, nos Estados Unidos, a partir do dia 8 de agosto haviam sido previstos por especialistas e moradores anos antes. As autoridades locais divulgaram diversos planos de contenção de riscos, reconhecendo que o fenômeno era quase certo.
Porém, quando as chamas começaram a se espalhar pela cidade de Lahaina, matando pelo menos 114 pessoas, os sistemas que foram instalados para soar um alarme e trazer as pessoas para um local seguro entraram em colapso, segundo relatos de residentes e especialistas. As informações são do jornal The New York Times.
O presidente Joe Biden chega ao Havaí nesta segunda-feira (21) para visitar a área devastada pelo incêndio florestal mais mortal do séculos nos Estados Unidos. Agora, o choque e o luto dos habitantes dão lugar à raiva e às dúvidas acerca das ações do governo. As pessoas se perguntam, principalmente, por que as comunicações em torno de Lahaina falharam tanto, e se medidas mais precoces para a retirada de moradores poderiam ter evitado algumas das mortes.
Uma vez que o estado de emergência se instalou, torres de celulares foram queimadas e ficaram sem energia, impedindo as pessoas de se comunicarem ou receberem alertas de emergência. Duas estradas principais que oferecem rotas de fuga para fora da cidade foram fechadas por causa das chamas e das linhas de energia que caíram, levando os desabrigados a um engarrafamento infernal ao longo de uma estrada costeira, onde muitos queimaram dentro de seus carros.
Embora os bombeiros e grupos de prevenção tenham pedido que os moradores de áreas propensas a incêndios florestais – como o oeste da ilha de Maui – se preparassem e saíssem de casa mais cedo, as autoridades não foram tão enfáticas em suas orientações. O guia oficial do estado do Havaí, que dá as diretrizes de como a população deve agir em caso de furacões, tsunamis e outros desastres, não dá explicações sobre o que deve ser feito quanto aos incêndios florestais.
Metade de todos os endereços nos 48 estados contíguos do país enfrenta algum risco de incêndio florestal, o que significa que dezenas de milhões de vidas podem estar vulneráveis a algumas das mesmas falhas que acometeram Lahaina: falta de retiradas antecipadas e planos de fuga não-praticados.