Terceiro Reich

Hitler deu apenas duas opções para Erwin Rommel, a ‘Raposa do Deserto’

Preso a uma cultura militar de lealdade e disciplina, seu maior erro foi acreditar que política era servir a pátria, não importando quem fosse o chefe de Estado

Hitler deu apenas duas opções para Erwin Rommel, a 'Raposa do Deserto'
Imagem de Erwin (Crédito: Domínio Público)

Erwin Rommel (1891-1944) foi o mais popular e prestigiado marechal de campo do Terceiro Reich. O ministro da Propaganda de Hitler imaginava fazer dele o modelo ideal de chefe militar da Alemanha e o próprio militar emprestou seu carisma e sua história à ideologia do ditador.

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Ele não fazia parte da aristocracia que ditava as normas do Exército no antigo Império Alemão, uma força conservadora e nacionalista por natureza, mas tinha olhos azuis, era loiro, ambicioso e destemido, tudo o que os nazistas imaginavam para um herói “ariano”.

Nascido em uma cidadezinha próximo a Ulm, Rommel era filho de um professor secundário, que impôs ao filho uma carreira militar, então bem mais prestigiada. Aos 19 anos, ele entrou para um regimento de infantaria.

Quando a Primeira Guerra se iniciou, o jovem tenente foi enviado para a Bélgica. Em menos de seis meses tinha recebido duas condecorações e uma promoção. Em meio ao conflito, Rommel ainda achou tempo para se casar. Lucie-Maria Mollin (1894-1971) lhe daria um único filho, Manfred (1928-2013).

Em 1917, após a batalha de Caporetto, na frente italiana, recebeu a prestigiosa Pour le Mérite. Promovido a capitão, Rommel tinha criado uma reputação que seria ampliada na guerra seguinte: obstinação, habilidade tática, iniciativa e autoconfiança.

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Continuou os estudos sobre a “guerra móvel” mesmo com a derrota alemã, mas manteve-se longe das discussões políticas da década de 1920. Era comandante de um regimento quando conheceu Hitler, já no poder, em 1934.

Em 1937, ele publicou A Infantaria Ataca, um sucesso de vendas com mais de meio milhão de exemplares vendidos. Hitler leu e apreciou a obra. No ano seguinte, quando a Alemanha anexou a Áustria e depois ocupou os Sudetos, Rommel foi chamado para a guarda do ditador.

O então coronel estava extasiado com seu chefe, o “enviado por Deus ou pela Providência para levar o mundo alemão à luz”, alguém que “irradia um poder magnético, quase hipnótico”.

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Em 1939, quando a Segunda Guerra teve início, Rommel foi nomeado general de brigada e comandante do quartel-general de Hitler. Em cartas à esposa, escreveu sobre a admiração pelo “gênio” do líder nazista. Sua personalidade, no entanto, não o manteve muito tempo longe da linha de frente de batalha.

Quando da invasão da França, Rommel foi nomeado comandante da Sétima Divisão Panzer, que ele liderou diretamente de cima de um blindado. Devido à rapidez com que sua unidade avançava, ela ficou conhecida como “Divisão Fantasma”.

Em 1941, Rommel foi enviado para a África do Norte, onde liderou o Afrikakorps, combatendo em terreno difícil, com material bélico limitado e um número muito inferior de soldados.

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Carismático, obstinado, ousado e ardiloso, respeitado e temido pelos ingleses, apelidado de “Raposa do Deserto”, consolidou sua posição de brilhante estrategista e general de linha de frente tomando Bengasi e Tobruk, na Líbia, e chegando a El Alamein, a menos de 300 quilômetros da capital egípcia.

Quando Tobruk caiu, Hitler o nomeou marechal de campo, o mais jovem do Exército alemão – tinha então 49 anos. Em menos de um ano, porém, a superioridade numérica e de material fizeram com que os Aliados conseguissem expulsar o Exército alemão da África.

Rommel, no entanto, fora chamado de volta à Alemanha. Era preciso salvar sua reputação e a de Hitler. A propaganda nazista, porém, produziu uma série de reportagens para o cinejornal semanal, em que Rommel era representado no papel de “Conquistador” e “Herói da África do Norte”.

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O general Gerd von Rundstedt o chamou de “palhaço do circo nazista”. A proximidade de Rommel com Hitler não era bem-vista entre os militares alemães, que o tinham como um oficial politizado e leal seguidor do Führer.

Rommel, no entanto, nunca entrou para o Partido Nazista ou qualquer outra de suas ramificações. Mas estava preso a uma cultura militar, de lealdade e disciplina, honra e cavalheirismo. Seu maior erro foi acreditar que política era servir a pátria, não importando quem fosse o chefe de Estado.

Descobriu tarde que dedicara a carreira a um homem sem escrúpulos. Nomeado comandante em chefe dos Exércitos alemães na França, ele organizou a “Muralha do Atlântico”, que tinha como objetivo impedir a invasão Aliada.

Rommel não deteve o desembarque Aliado e estava envolvido com a resistência alemã ao regime nazista quando foi ferido em julho de 1944, a poucos dias de um atentado contra Hitler.

Quando o ditador descobriu seu envolvimento com os conspiradores, lhe deu duas opções: enfrentar um tribunal e a vergonha pública ou cometer suicídio, salvar a família e receber um funeral com honras militares. Rommel optou pela segunda.

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