Maria Teresa Benito Orihuela, idosa peruana de 66 anos, faleceu após a ventilação mecânica que a manteve viva por seis anos ser desligada. A Justiça doPeru reconheceu em 1° de fevereiro o direito de Maria rejeitar o tratamento, ou seja, não querer mais a máquina de respiração artificial e ter sua morte digna.
O caso aconteceu na última sexta-feira (3), quando um médico do EsSalud, sistema de saúde público peruano, a sedou e desligou o respirador. Antes disso, doze profissionais já haviam se recusado a realizar o procedimento, justificando-se com a lei de Liberdade Religiosa e alegação de objeção de consciência. Esta é uma lei que garante a profissionais de saúde o direito de se negar a fazer praticas que não se alinham com os seus valores pessoais.
Maria era portadora de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa, que não tem cura e afeta os neurônios. No caso da idosa, já havia comprometido quase todos os músculos de seu corpo, incluindo o aparelho respiratório. Ela respirava através de uma traqueostomia, conectada a um aparelho de respiração.
Ela permanecia lúcida e se comunicava por meio dos olhos, com um aparelho que lia o movimento. Recentemente, no entanto, ela contraiu uma conjuntivite que estava comprometendo sua visão, o que poderia sua única forma de comunicar-se.
Os dois filhos apoiavam a luta da mãe, de busca por uma morte digna. Ketty Solano, filha da idosa, afirmou que deixá-la ir foi um ato de amor. “Minha mãe abriu muitas portas para que as pessoas entendam que temos o direito de decidir sobre a última etapa de nossas vidas. Deixar partir é um grande ato de amor“, disse em entrevista ao UOL.
Discussão sobre morte digna
O Peru entrou em uma grande discussão sobre morte digna após a divulgação dos casos de Maria e Ana Estrada. Ana era psicóloga e portadora de polimiosite, uma doença degenerativa e crônica, que causa fraqueza e dor por inflamação das células musculares. Ela também teve a morte autorizada pela Justiça, por meio de uma eutanásia, que é contra a lei local.
Os casos, porém, diferem, já que na situação da psicóloga ela foi submetida a uma substância letal, a eutanásia. Maria, no entanto, passou pelo que se chama adequação de esforço terapêutico, que é quando um paciente decide não participar mais de um tratamento médico, permitindo que a doença leve à morte natural.
A advogada de Ana, Josefina Miró Quesada, deu entrevista ao podcast Ojo Público e abordou a temática. Confira:
📍En entrevista con #OjoPúblico, Josefina Miró Quesada, abogada de Ana Estrada —primera mujer en acceder a la eutanasia en Perú—, explica el derecho a la muerte digna, y también el caso de María Benito, quien solicita rechazo a un tratamiento médico.
👉https://t.co/XTAMftWbg0👈 pic.twitter.com/KaNXdXxXGe— OjoPúblico (@Ojo_Publico) April 30, 2024
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini