ARGENTINA

Lei Omnibus: deputados e manifestantes de esquerda entram em conflito com a polícia

O primeiro dia de discussão terminou com a detenção de um grupo de pessoas que se manifestava contra a iniciativa nas proximidades do Congresso

Na Argentina, organizações de esquerda, do radicalismo e movimentos sociais manifestaram-se em frente ao Congresso em repúdio à Lei Omnibus, que continua em debate na Câmara dos Deputados.
Eduardo Belliboni, líder do Partido Operário, é ferido durante confronto com a polícia – Créditos: Reprodução

Na Argentina, organizações de esquerda, do radicalismo e movimentos sociais manifestaram-se em frente ao Congresso em repúdio à Lei Omnibus, que continua em debate na Câmara dos Deputados. O primeiro dia de discussão terminou com a detenção de um grupo de pessoas que se manifestava contra a iniciativa nas proximidades do Congresso.

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Neste dia, as autoridades aplicaram o protocolo antipiquete para evitar o bloqueio de ruas e, no meio das tensões, um manifestante se feriu. O homem sofreu um corte na região do queixo, resultando em uma grande perda de sangue. Ele foi atendido na Plaza de los dos Congresos e, logo após, transportado ao hospital por uma ambulância..

Por volta das 20 horas, as forças de segurança haviam quase completamente evacuado a praça e deslocado os manifestantes para Bernardo Yrigoyen. A Avenida Rivadavia ficou sem manifestantes.

Legisladores da União pela Pátria e da Esquerda se juntaram à manifestação

Assim como no dia anterior, os deputados da Frente de Esquerda, Nicolás del Caño e Myriam Bregman, saíram do plenário para se unir à manifestação. Eles asseguraram que “não é possível continuar a sessão” nessas condições, dadas as ocorrências nas proximidades do Congresso.

Em entrevista à imprensa, del Caño afirmou que conversou com os membros da Gendarmería para pedir que interrompessem a operação: “Patricia Bullrich quer reprimir o povo, passando por cima da Constituição, tornando a Argentina uma verdadeira ditadura. Não se sabe o que será votado lá dentro”.

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Por sua vez, Bregman afirmou que a sessão na Câmara dos Deputados “não pode continuar nessas condições”. “Vocês têm que nos ajudar”, pediu a legisladora. “Com essa violência da polícia, a sessão não pode continuar”, acrescentou.

Posteriormente, outros deputados da oposição se juntaram à manifestação e se posicionaram diante da polícia. Estavam presentes Máximo Kirchner, Santiago Cafiero, Sergio Palazzo, Mariano Recalde, Leandro Santoro, Pablo Carro, Romina del Plá, Cecilia Moreau, Gabriel Solano, Victoria Tolosa Paz, Julia Strada, entre outros. “Queremos interromper a sessão”, disse Moreau.

Máximo Kirchner também concedeu declarações à imprensa no meio do tumulto: “Se eu disse não a Alberto, como não direi não a Milei?”, afirmou o filho da ex-presidente.

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Detiveram um militante do Movimento Socialista dos Trabalhadores

Mais cedo, conforme denunciado pelo Movimento Socialista dos Trabalhadores (MST), a Polícia da Cidade “atacou de maneira brutal” a coluna de manifestantes desse movimento, que se dirigia para realizar uma transmissão aberta de rádio.

“Tentaram deter nossa deputada Cele Fierro e, como não conseguiram, levaram Matías, que estava com o equipamento de som da transmissão aberta que estava prestes a começar, e ao melhor estilo de máfia, roubaram bandeiras e instrumentos de som”, afirmou Alejandro Bodart, secretário-geral do MST no Frente de Esquerda e Trabalhadores-Unidade.

Trata-se de Matías Abalos, de 25 anos, sem antecedentes criminais, que foi levado para a Comissaria Local Nº1A, conforme informaram fontes policiais ao La Nación.

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Incidente com a Polícia no primeiro dia de debate sobre a Lei Omnibus

Ontem, durante o primeiro dia de debate do projeto, ocorreram incidentes com a polícia, que incluíram correrias, gás de pimenta e detenções. Nessa nova convocação, marcada para às 18h, a Juventude Radical CABA destacou o “repúdio às ações das forças de segurança de Patricia Bullrich e Javier Milei”.

Entre os convocantes para a nova manifestação estão a Frente de Esquerda, juntamente com setores diversos, grupos sociais, sindicatos, de direitos humanos, culturais e ambientais. Celeste Fierro, legisladora da cidade de Buenos Aires pelo Movimento Socialista dos Trabalhadores, afirmou que “nos momentos mais difíceis, precisamos estar nas ruas”.

Na véspera da manifestação, grupos de esquerda realizarão uma coletiva de imprensa às 16h na Casa de Mendoza para exigir a “libertação urgente” de Victor da Vila e Martín Rodríguez, dois líderes do Partido Obrero, detidos durante a manifestação ocorrida na quarta-feira na província governada por Alfredo Cornejo.

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“É um novo ataque do governador ao direito de se manifestar, em consonância com o protocolo repressivo e inconstitucional de Patricia Bullrich”, afirmaram em comunicado.

Jovens radicais de CABA contra a Lei Omnibus

O presidente da Juventude Radical CABA, Agustín Rambolá, compartilhou a convocação feita por sua organização nas redes sociais e afirmou: “Convidamos a população a se juntar a nós neste protesto pacífico em prol da liberdade, democracia e respeito às instituições. Hoje, às 18 horas, estaremos no Congresso repudiando o autoritarismo e a violência de Patricia Bullrich e Javier Milei”.

Da organização, além disso, enfatizaram que as detenções das militantes radicais Ivanna Bunge, Agustina González, Abril Taborda e Jennifer Bogarin foram “arbitrárias”.

As detenções das militantes radicais ocorreram depois que na Câmara dos Deputados decidiram fazer uma pausa. Lá fora, em frente ao Congresso, a tensão aumentou e um grupo da Polícia Federal deteve pelo menos quatro mulheres que estavam bloqueando a Avenida Entre Ríos.

Conforme foi reconstruído pelas câmeras de segurança, as mulheres estavam sentadas cantando o Hino Nacional e os policiais pediram que se mudassem para a calçada. Diante da recusa, autoridades anunciaram o protocolo antipiquetes.

O deputado da União pela Pátria, Eduardo Tonioli, tentou intervir, conforme foi reconstruído pelo La Nación. “Bateram nelas, eu tentei subir na caminhonete para impedir que continuassem fazendo isso. Isso é culpa do Milei. É uma detenção ilegal”, afirmou o legislador durante o tumulto. “Nós nos opomos a esta reforma messiânica. Devemos preservar a integridade física das pessoas que foram levadas”, acrescentou.

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