O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar as ações do Exército de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza. Durante seu discurso na 8ª edição da reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o presidente pediu um movimento para acabar com o “genocídio”.
“As pessoas estão morrendo na fila para obter comida. A indiferença da comunidade internacional é chocante. Eu quero aproveitar a presença do nosso querido companheiro secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, para propor uma moção da Celac pelo fim imediato desse genocídio”, declarou.
“Nossa dignidade e humanidade estão em jogo. Por isso, é preciso parar a carnificina em nome da sobrevivência da humanidade, que precisa de muito humanismo”, completou.
Lula aproveitou a ocasião para apelar para que a ONU utilize o artigo 99 Carta da ONU, que permite que o secretário-geral da entidade convoque uma reunião do Conselho de Segurança para a discussão de um assunto que ameace a paz internacional.
O Conselho de Segurança são China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos, com mais dez membros rotativos, inclusive o Brasil. Já houve debates sobre o assunto e, em três ocasiões, os EUA vetaram uma resolução de cessar-fogo. “Quero pedir aos cinco membros permanentes do conselho de segurança da ONU que deixem de lado suas diferenças e ponham fim a essa matança”, disse Lula.
Lula diz que é preciso “parar a carnificina” em Gaza e defende fim de bloqueio em Cuba
🗣️ “A indiferença da comunidade internacional é chocante. A tragédia humanitária em Gaza requer de todos nós a capacidade de dizer um basta para a punição coletiva que o governo de Israel… pic.twitter.com/rhzQhmS6IX
— UOL Notícias (@UOLNoticias) March 1, 2024
Mais de cem mortos
Na última quinta-feira (29 de fevereiro), mais de cem pessoas morreram e 760 pessoas ficaram feridas em uma ação de entrega de comida em Gaza. O Hamas, grupo que controla a região, acusa o exército israelense de efetuar disparos contra a população.
O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina afirmou que o desastre é “resultado de bombardeios israelenses e disparos deliberados”.
Por outro lado, as Forças de Defesa Israelenses (IDF, em inglês) negam qualquer envolvimento nas mortes e afirmam estar investigando o caso. Para os israelenses, quando os veículos carregando mantimentos entraram em Gaza, por meio da rotatória de Nablus, a multidão de milhares se aglomerou em volta e começou a saquear a comida. Nessa confusão, pessoas foram pisoteadas e mortas.
“We recognize the suffering of the innocent people of Gaza. This is why we are seeking ways to expand our humanitarian efforts.”
Watch the full statement by IDF Spokesperson RAdm. Daniel Hagari on the incident regarding the humanitarian aid convoy the IDF facilitated. pic.twitter.com/m6Pve3Odqw
— Israel Defense Forces (@IDF) February 29, 2024
O Itamaraty, Ministério de Relações Exteriores brasileiro, divulgou uma nota criticando Benjamin Netanyahu e a conduta israelense no conflito:
“O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. E cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão”, diz trecho do comunicado.