ENTENDA

Milei coloca Aerolíneas Argentinas na mira da privatização e agrava tensão sindical

A reestatização da companhia, há 16 anos, não atingiu os resultados esperados, levando o governo a considerar que a gestão privada poderia trazer melhores serviços e reduzir o déficit financeiro suportado pelos cofres públicos

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Javier Milei – Créditos: Getty Images

A recente publicação no Diário Oficial sobre a privatização da Aerolíneas Argentinas marcou um capítulo importante na política econômica do país. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, já havia sinalizado essa direção, destacando que a medida precisa passar ainda pelo crivo do Congresso Nacional. A reestatização da companhia, há 16 anos, não atingiu os resultados esperados, levando o governo a considerar que a gestão privada poderia trazer melhores serviços e reduzir o déficit financeiro suportado pelos cofres públicos.

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O governo de Javier Milei, identificado por suas políticas ultraliberais, justifica a privatização como uma estratégia para otimizar recursos públicos e melhorar o desempenho operacional da Aerolíneas Argentinas. A relação desproporcional de pilotos em relação às aeronaves ativas, segundo o texto, é indicativo de ineficiência. A condição atual da companhia aérea requer que o Tesouro Nacional intervenha para manter as operações, situação que o governo considera insustentável a longo prazo.

Por que a Aerolíneas Argentinas está sendo privatizada?

Privatizar a Aerolíneas Argentinas é visto como um movimento necessário para alinhar a companhia aos padrões globais da indústria. Desde sua reestatização, a empresa acumulou perdas significativas, demandando constantes aportes financeiros para se manter operante. Sob a gestão de Milei, a privatização surge como uma oportunidade de revitalizar a economia, cortando gastos excessivos e promovendo a eficiência.

O atual conflito entre o governo argentino e os trabalhadores da Aerolíneas é um fator crucial na decisão pela privatização. Em setembro de 2023, os trabalhadores entraram em greve, exigindo aumentos salariais para enfrentar a inflação, que atingiu 236,7% ao ano. Essa paralisação impactou severamente os serviços da companhia, instaurando um cenário de pressão e perdas financeiras, com prejuízos de até US$ 3 milhões, segundo a própria empresa.

Manuel Adorni, porta-voz da presidência, chegou a declarar que, se as greves continuassem, o governo transferiria a operação para empresas privadas. Uma resposta a essa tensão, a privatização é vista como uma solução para evitar futuras interrupções e garantir a sustentabilidade da companhia aérea a longo prazo.

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Quais são os impactos da privatização na população argentina?

Para os argentinos, a privatização da Aerolíneas pode significar mudanças significativas tanto em termos de serviço quanto em relação ao impacto econômico. Uma maior eficiência operacional é esperada, com potenciais melhorias na qualidade dos serviços oferecidos. No entanto, os sindicatos alegam que a iniciativa governamental pode resultar no fechamento da empresa, prejudicando empregos e condições de trabalho.

Um dos principais desafios enfrentados pelo país é a pobreza crescente, que atualmente afeta 15,7 milhões de pessoas, correspondendo a 52,9% da população. Nesse contexto, cortes em despesas públicas não têm apenas repercussões econômicas, mas também sociais, influenciando diretamente a vida de muitos argentinos.

O foco de Milei em reduzir a atuação do estado na economia traduz-se em políticas de privatização e redução da máquina pública. Este movimento, longe de ser apenas uma questão setorial, reflete uma visão mais ampla de uma economia de mercado aberta, onde a iniciativa privada desempenha um papel dominante. O sucesso dessa abordagem, contudo, dependerá de como essas mudanças impactarão tanto a eficiência econômica quanto as condições de vida da população.

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A veredito final sobre essa estratégia ainda está por ser determinado, especialmente à medida que o governo busca o apoio necessário no Congresso Nacional. O resultado pode transformar não apenas o setor aéreo, mas também a maneira como os argentinos interagem e percebem os serviços públicos e o papel do estado na economia.

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