Davos

Milei: “O Ocidente está abrindo as portas para o socialismo”

Presidente da Argentina defendeu o capitalismo como “a única ferramenta para derrotar a pobreza e a indigência para a qual o coletivismo nos levou”

O presidente Javier Milei apresentou-se no Fórum Econômico Mundial em Davos e afirmou que "Ocidente está em perigo" devido ao "avanço do socialismo e do coletivismo", que tem "condenado as pessoas à pobreza", algo que, segundo ele, é um tema do qual "ninguém sabe mais do que os argentinos".
Presidente da Argentina participa de seu primeiro evento em Davos – Créditos: X/Reprodução

O presidente Javier Milei apresentou-se no Fórum Econômico Mundial em Davos e afirmou que “Ocidente está em perigo” devido ao “avanço do socialismo e do coletivismo”, que tem “condenado as pessoas à pobreza”, algo que, segundo ele, é um tema do qual “ninguém sabe mais do que os argentinos”.

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Em sua primeira viagem oficial como presidente, ele participou do painel “Alcançar a segurança e a cooperação em um mundo fraturado” do WEF (sigla em inglês para Fórum Econômico Mundial) com a apresentação de Klaus Schwab, fundador e diretor executivo da organização, que, antes de seu discurso, destacou: “Você influenciou e deu um novo espírito à Argentina, fazendo-a se conectar mais com as empresas livres e a trouxe de volta ao Estado de Direito”.

Diante dos principais líderes políticos, empresariais, culturais e da sociedade civil do mundo, Milei defendeu o capitalismo como “a única ferramenta para derrotar a pobreza e a indigência para a qual o coletivismo nos levou”, classificando-o como “um sistema perverso” que “levou a Argentina, que era uma potência mundial há 100 anos, a uma espiral de decadência”.

“Já vivemos isso, já passamos por isso. Desde que decidimos abandonar o modelo de liberdade que nos tornou ricos, estamos em uma espiral descendente que nos tornou cada vez mais pobres. O caso argentino é a demonstração de que não importa o quão rico você seja, o quão educada seja sua população e quantas barras de ouro estejam no Banco Central, se forem adotadas medidas que afetem o livre funcionamento do mercado, o único caminho é a pobreza”, afirmou.

Continuando com sua participação, ele criticou a esquerda e os questionamentos existentes ao sistema capitalista atual, considerando que “os ataques da doxa” ocorrem “porque, supostamente, é injusto e individualista”, enquanto “eles são altruístas, mas com o que é dos outros”. Além disso, ele criticou o conceito de justiça social.

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“A justiça social é, sim, injusta, porque o Estado se financia através de impostos de forma coercitiva, o que é violento. Aqueles que promovem isso partem da ideia de que o Estado é um bolo que pode ser distribuído de maneira equitativa, o que não é verdade. Esse conceito, que se tornou moda na última década, tem sido uma constante no discurso social argentino nos últimos 80 anos”, afirmou o presidente, o primeiro a participar do WEF desde Mauricio Macri em 2016, quando esteve acompanhado, entre outros, por nada menos que Sergio Massa.

Posteriormente, ele destacou novamente que, apesar de estarmos “no momento de maior prosperidade da história”, o Ocidente “está em perigo porque, alguns motivados pelo desejo benevolente de ajudar o próximo e outros pelo anseio de pertencer a uma casta política, os principais líderes do mundo ocidental abandonaram o modelo de liberdade e abriram as portas para o socialismo, condenando o mundo à miséria e à pobreza”.

“O socialismo falhou social, cultural e economicamente em todos os países onde foi aplicado, onde ceifou a vida de 100 milhões de pessoas”, afirmou.

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Neste sentido, ele destacou que “a intervenção do Estado no mercado apenas atrapalha o processo econômico” e, consequentemente, “gera distorções no sistema de preços e, por conseguinte, na poupança e no investimento das pessoas”.

“Felizmente, somos cada vez mais os que nos atrevemos a levantar a voz, porque vemos que se não enfrentarmos diretamente essas ideias, o único destino possível é cada vez mais Estado, mais regulamentação, mais socialismo, mais pobreza, menos liberdade e um pior padrão de vida”, acrescentou.

O discurso também incluiu uma ofensiva contra o feminismo, declarando que “a luta ridícula e antinatural entre o homem e a mulher” é causada “pelos socialistas”, que “se viram obrigados a mudar a agenda devido ao fracasso estrondoso dos modelos coletivistas e aos inegáveis avanços do mundo livre”.

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“O libertarianismo já estabelece a igualdade entre os sexos. A pedra fundamental de nossa crença afirma que todos os homens são criados iguais, que todos têm os mesmos direitos inalienáveis concedidos pelo criador, entre os quais estão a vida, a liberdade e a propriedade”, exclamou, ao mesmo tempo em que classificou o aborto como “uma tragédia sangrenta”.

Para encerrar, Milei revelou que o objetivo de sua presença é “convidar todos os países do Ocidente a trilharem o caminho da liberdade” e “alertá-los sobre o que pode acontecer se continuarem por um caminho de servidão”, utilizando a Argentina como exemplo.

“Quero enviar uma mensagem a todos os empresários presentes. Não se deixem intimidar pela casta política. Vocês são benfeitores sociais, heróis, os criadores do período de prosperidade mais longo da história. Que ninguém lhes diga que sua ambição é imoral. Não cedam ao avanço do Estado. O Estado não é a solução, mas o próprio problema. A partir de hoje, contem com a Argentina como aliada. Viva a Liberdade Caralho!”, concluiu.

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Após sua palestra no Fórum Econômico Mundial, o presidente da nação terá um encontro com a diretora do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, com quem se verá ‘cara a cara’ pela primeira vez desde sua chegada ao Executivo e após o fechamento do acordo entre o organismo e o governo nas últimas semanas.

Esta reunião é crucial não apenas para estabelecer um canal de diálogo direto, mas também com vista a aprovação pelo Conselho da sétima revisão do Programa de Facilidades Estendidas, o que, se alcançado, simbolizaria não apenas a consolidação do cronograma de pagamentos preestabelecido, mas também um desembolso de U$S4,7 bilhões para fortalecer as reservas do BCRA (Banco Central da República Argentina).

Após isso, juntamente com a comitiva presidencial, ele retornará à Argentina. Nesse sentido, está prevista a chegada ao Aeroporto de Ezeiza na sexta-feira às 7h55, em um voo comercial, conforme estipulado e informado pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni.

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