"Vaticano Hindu"

“Nova Índia divina”: a polêmica do novo templo inaugurado por Modi

O evento foi considerado como o pontapé da campanha do primeiro-ministro para assegurar seu terceiro mandato no comando da Índia, a maior democracia do mundo

Nesta segunda-feira (22), o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, transmitiu, para dezenas de milhões de indianos, a inauguração do novo templo Ram Janmabhoomi Mandir, em homenagem ao deus Hindu Ram.
Narendra Modi discursa em frente ao recém-inaugurado templo – Créditos: X/Reprodução

Nesta segunda-feira (22), o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, transmitiu, para dezenas de milhões de indianos, a inauguração do novo templo Ram Janmabhoomi Mandir, em homenagem ao deus Hindu Ram. A construção, na cidade de Ayodhya, no norte do país, foi idealizada há cerca de 30 anos.

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O evento foi considerado como o pontapé da campanha de Modi para assegurar seu terceiro mandato no comando da Índia, a maior democracia do mundo. “Hoje, nosso senhor Ram veio. Após séculos de espera, nosso Ram chegou. Após séculos de paciência sem precedentes, inúmeros sacrifícios, renúncias e penitências, nosso Senhor Ram chegou”, disse o primeiro-ministro na presença de cerca de sete mil ouvintes, dentre eles políticos, grandes empresários e astros do esporte.

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Controvérsia

O local de construção do templo, a cidade de Ayodhya, é tida pelos Hindus como o lugar de nascimento de Ram. Mas, até dezembro de 1992, o que edificava a localidade era um templo muçulmano, Babri Masjid, construído em 1528.

Naquele ano, membros de movimentos extremistas Hindus, apoiados pelos partidos de extrema-direita, inclusive o BJP, de Modi, marcharam ao templo e o demoliram.

Após quase 30 anos fechado para o público, a Suprema Corte da Índia decretou que o local seria destinado à construção de um templo Hindu, e o território adjacente do vilarejo de Dhannipur ficaria disponível aos muçulmanos edificarem um novo mosqueiro, cuja construção ainda não iniciou.

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A decisão apenas cementou a divisão religiosa e a supremacia Hindu no país, que é a religião de quase 80% dos indianos, contra apenas 14% de islâmicos. Apesar da comemoração de parte da população, outros contestaram a decisão, alegando o comprometimento da ética democrática da ex-colônia britânica.

Habitantes de Ayodhya também destacaram a coexistência pacífica entre os dois grupos religiosos, inclusive em lugares considerados sagrados para hindus ou muçulmanos.

Sem citar o antigo templo de Babri Masjid, nem a população islâmica do país, Modi comemorou a reivindicação da terra. “De hoje em diante, estabelecemos a base para os próximo mil anos. Ao construir este templo, todos devemos jurar a construção de uma Índia nacional, capaz, bem sucedida, linda e divina”, pronunciou.

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