
Um vídeo que mostra uma praia com o “mar congelado” na região de San Sebastián, na Patagônia, Argentina, viralizou nas redes sociais na última terça-feira (25). Esse raro fenômeno ocorreu devido a uma intensa massa de ar frio que chegou à região, vinda do Mar de Weddell.
O professor Francisco Aquino, especialista em climatologia do Centro Polar e Climático da UFRGS, esclareceu ao g1 o que é necessário para que tal evento ocorra. Regiões costeiras, isoladas e de pouca profundidade, com temperaturas ambientais e do mar abaixo de zero e sem movimento significativo de ondas são alguns dos fatores. Essas condições, quando se apresentam simultaneamente, possibilitam que o sal seja expelido da água e forme a incrível paisagem de gelo marinho.
🤯Debido a la ola polar, el mar cercano a San Sebastián, Tierra del Fuego, amaneció congelado en el día de hoy.
❄️Este particular fenómeno, dejó una surreal postal de las olas congeladas en la Patagonia. pic.twitter.com/MRUNWS8BQV
— Enfant Terrible (@EnfanTerribleOk) June 26, 2024
O que torna possível o congelamento do mar?
Conforme esclarecido pelo professor Aquino, não são todas as ondas que congelam. O fenômeno observado não significa que a ondulação típica do mar foi congelada no momento em que se quebravam na costa. Se houvesse ondas substanciais, o congelamento seria interrompido pela dinâmica das águas. O que foi visto são condições muito específicas e raras de clima.
Quais são as consequências desse fenômeno para a vida marinha?
Apesar do espetáculo visual, muitos se perguntam sobre os impactos na biodiversidade local. Segundo o especialista, não há efeitos negativos significativos causados pelo gelo marinho. Pelo contrário, a formação de gelo é fundamental para a manutenção da biodiversidade oceânica, pois a água fria e salina, enriquecida de oxigênio, afunda e alimenta a cadeia alimentar dos oceanos.
O aumento de nevascas está ligado às alterações climáticas?
As mudanças no clima global e fenômenos como o El Niño estão modificando padrões atmosféricos pelo mundo. Estes efeitos têm intensificado e tornando mais frequentes fenômenos extremos, como nevascas e períodos de frio mais severos. Os últimos meses presenciaram uma atividade climática mais intensa, o que propiciou as condições perfeitas para a ocorrência desse tipo de evento na Patagônia.
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