guerra fria

O que aconteceu com o oficial que evitou uma guerra nuclear há 40 anos?

Em 1983, o conflito internacional com o potencial de destruir o mundo quase aconteceu devido a um erro tecnológico. Não fosse o bom senso de Stanislav Petrov, a História teria seguido um curso bem diferente

Ocorrida logo após a Segunda Guerra Mundial, a chamada Guerra Fria durou entre 1947 e 1991, período durante o qual aquelas que eram então as duas maiores potências do mundo, os Estados Unidos e a União Soviética, realizaram uma intensa disputa política-ideológica. 

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O primeiro era defensor do sistema capitalista, e a segunda do comunismo, com as diferentes nações ao redor do mundo se alinhando com uma nação ou outra, criando um mundo polarizado.

Na tentativa de, cada um, provar sua superioridade, os EUA e a URSS realizaram uma corrida armamentista (no qual o desenvolvimento de armas de destruição em massa, como aquelas de tecnologia nuclear, estava em foco) e uma corrida espacial (no qual a conquista do espaço, como a chegada à Lua, era o objetivo).

Felizmente, a despeito das tensões que se acumularam neste período, o conflito entre as duas potências nunca se tornou militar, o que poderia ter levado à devastação do planeta, dado que ambas as nações haviam desenvolvido bombas nucleares. A possibilidade da explosão de uma Terceira Guerra Mundial, porém, era alvo de constante especulação.

E, em 1983, o conflito internacional com o potencial de destruir o mundo quase aconteceu devido a um erro tecnológico. Por sorte, um oficial soviético chamado Stanislav Petrov teve o bom senso de checar seu equipamento uma segunda vez. Não fosse pelo seu pensamento ágil, a História teria seguido um curso bem diferente.

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Herói desconhecido 

Stanislav Petrov em entrevista à BBC / Crédito: Divulgação/ Youtube/ BBC 

Era uma noite de setembro, e Petrov trabalhava em um centro de comando da defesa área russa. Mais especificamente, o homem, que possuía o cargo de tenente-coronel, era encarregado de monitorar o sistema que identificava ataques com mísseis direcionados ao território, conforme relembrado em uma matéria de 2017 da Agência Brasil.

Naquela noite, seus equipamentos afirmaram que os Estados Unidos haviam feito um lançamento de foguetes cujo alvo era a União Soviética. A situação exigia uma reação imediata: seu maior inimigo havia iniciado um ataque surpresa, portanto, era necessário contra-atacar.

“Não havia regras sobre quanto tempo tínhamos para ponderar antes de relatar um ataque. Mas nós sabíamos que cada segundo de adiamento era uma perda de tempo precioso, e que a liderança política e militar da União Soviética precisava ser alertada sem atrasos”, relembrou ele à BBC. “Tudo que eu precisava fazer era pegar o telefone e fazer contato direto com os altos comandantes — mas eu não conseguia me mexer. Eu me sentia como se estivesse sentado em cima de uma frigideira”.

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Stanislav Petrov, no entanto, tomou naquele momento uma decisão fundamental, e deu uma verificada extra nos dados. Foi neste momento que percebeu que se tratava de um alarme falso, ao que conseguiu desativar o sistema de resposta a ameaças nucleares a tempo de evitar um desastre.

“Vinte e três minutos depois percebi que nada tinha acontecido. Se um ataque de verdade tivesse acontecido, eu já teria recebido notícias. Foi um alívio enorme”, disse ele.

Meses mais tarde, o tenente-coronel foi homenageado com uma das mais altas honrarias do exército soviético devido às decisões perspicazes que tomou naquela noite. O episódio, no entanto, apenas se tornou de conhecimento público após a queda da URSS em dezembro de 1991.

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Últimos desdobramentos 

Em 2014, um documentário a respeito do evento chamado de “O Homem Que Salvou o Mundo” serviu para torná-lo mais conhecido. Um detalhe de relevância, aliás, é que Petrov sempre recusou a alcunha de herói, enfatizando que apenas havia feito seu trabalho.

O russo morreu em maio de 2017, aos 77 anos, ainda de acordo com a Agência Brasil. O falecimento, porém, apenas foi confirmado por sua família através de um comunicado em setembro daquele ano.

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