situação crítica

O que causou a primeira deflação na China desde 2021? Entenda

Economistas avaliam o que pode estar ameaçando a economia chinesa, e o que será necessário para reverter a situação

A China está passando por um período de deflação pela primeira vez em pouco mais de dois anos. Economistas esperam uma "espiral descendente".
Segundo especialista, a “principal” razão para o “choque deflacionário” no país é a crise no setor imobiliário. (Crédito Canva Foto)

A China está passando por um período de deflação pela primeira vez em pouco mais de dois anos. A queda dos preços pode parecer vantajosa para o poder aquisitivo, mas, a longo prazo, trata-se de uma ameaça macroeconômica, uma vez que os consumidores tendem a adiar suas compras – esperando que os preços caiam ainda mais.

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Além disso, por causa da falta de demanda, empresas são obrigadas a cortar suas produções e estabelecer novos descontos para liquidar os estoques, ao mesmo tempo em que congelam as contratações ou demitem funcionários. Especialistas avaliam que a tendência é piorar, assumindo uma “espiral descendente“.

Causa

Para o economista Andrew Batson, da Gavekal Dragonomics, a “principal” razão para o “choque deflacionário” no país é a crise no setor imobiliário, que há muito tempo representa 25% do PIB da China. Ao mesmo tempo, o Índice de Preços à Produção registrou uma nova contração em julho (-4,4%), pelo décimo mês consecutivo, segundo dados oficiais.

Este índice mede o custo das mercadorias que saem das fábricas e apresenta uma ideia da economia – e já havia registrado queda de 5,4% em junho. No mês seguinte, a China registrou a queda mais expressiva em suas exportações (-14,5%) desde o início de 2020. Este foi o terceiro mês consecutivo de contração, conforme informações são do portal Uol.

As exportações da China estão em declínio constante desde outubro de 2022, exceto por uma breve recuperação em março e abril de 2023. A situação impacta diretamente dezenas de milhares de empresas que hoje operam em ritmo lento, e ameaça a meta de crescimento estabelecida pelo governo: cerca de 5%, para este ano. A economia da China cresceu apenas 0,8% entre o primeiro e o segundo trimestres de 2023, segundo os resultados oficiais.

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Solução?

O analista Ken Cheung, do banco japonês Mizuho, avalia que a deflação “reflete a realidade de uma recuperação hesitante da China e que é necessário um plano de estímulo enérgico para estimular a demanda“.

Muitos economistas são a favor de um plano deste tipo para apoiar a economia. No momento, contudo, as autoridades apenas adotaram medidas pontuais e declararam intenções a respeito do setor privado, sem resultados convincentes. “É provável que os números ruins pressionem o governo a reconsiderar esta abordagem“, afirma Zhiwei Zhang, economista do Pinpoint Asset Management.

Alem do que já foi anunciado, autoridades de Pequim prometeram mais políticas a serem implementadas nas próximas semanas.

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Histórico

A China passou por um breve período de deflação entre o fim de 2020 e o início de 2021, motivada principalmente pela queda do preço da carne de porco, a mais consumida no país. Antes disso, o último período de deflação no país havia sido registrado em 2009. Agora, especialistas temem um período mais longo, considerando o momento atual em que os principais propulsores de crescimento da China não passam por uma boa fase e o desemprego entre jovens chegou a um nível recorde, acima de 20%.

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