"lesões autoinfligidas"

O que se sabe sobre a morte de funcionário da Boeing após denúncia?

John Barnett, que trabalhou para a companhia por 32 anos, já vazou informações sobre a falta de segurança no processo de montagem das aeronaves

John Barnett, ex-funcionário da gigante do mercado aéreo Boeing, foi encontrado morto na cidade de Charleston, Carolina do Sul, nos Estados Unidos. O que levanta suspeitas é que Barnett, que trabalhou para a companhia por 32 anos, já vazou informações sobre a falta de segurança no processo de montagem das aeronaves.
John morreu em 9 de março – Créditos: Arquivo pessoal/John barnett

John Barnett, ex-funcionário da gigante do mercado aéreo Boeing, foi encontrado morto na cidade de Charleston, Carolina do Sul, nos Estados Unidos. O que levanta suspeitas é que Barnett, que trabalhou para a companhia por 32 anos, já vazou informações sobre a falta de segurança no processo de montagem das aeronaves. Entretanto, o Departamento de Polícia de Charleston City afirmou que o óbito proveio de “lesões autoinfligidas”. O legista do DP, Bobbi Jo O’Neal, disse à Al Jazeera que “nenhum outro detalhe está disponível atualmente”.

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Em nota, a empresa lamentou a morte de John, emanando seus “pensamentos para a família e amigos” do americano. Barnett trabalhava desde 2010 como gerente de qualidade na filial da cidade, produzindo, principalmente, o modelo 787 Dreamliner. Ao longo dos anos, ele percebeu que que a pressão sobre os funcionários para aumentar a produção e falta de inspeção da procedência dos materiais faziam com que peças de qualidade inferior fossem inseridas de maneira irregular, comprometendo, assim, a estrutura e segurança dos aviões.

Em entrevista à BBC, em 2019, Barnett afirmou que, mesmo após relatar suas preocupações aos seus superiores, nada foi feito. O gerente também revelou que uma falha no sistema emergencial de distribuição de oxigênio fazia com que 25% das máscaras tinham a chance de não funcionar. A empresa sempre negou qualquer informação de John. Entretanto, uma análise da Administração de Aviação Federal (FAA, em inglês), órgão governamental, também detectou falhas que alinham-se às denúncias do funcionário.

Casos recentes e processos

Desde o começo do ano, aeronaves da empresa protagonizam desastres aéreos, como a falha técnica em um voo da Latam, da Austrália ao Chile, com escala na Nova Zelândia, causando uma queda brusca de altitude, o que jogou os passageiros para cima e fez com que 50 pessoas saíssem feridas.

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No começo do ano, um vídeo da porta de emergência de um 737-900 MAX, da Alaska Airlines, escancarada rodou o mundo. A aeronave sofreu uma despressurização repentina e teve que retornar ao seu ponto de decolagem, em Portland.

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Este incidente levou à abertura de um processo de investigação contra os métodos de montagem da empresa estadunidense. John Barnett, inclusive, participou de uma audiência dias antes de sua morte, na qual foi questionado por advogados da Boeing. Após não aparecer para seu segundo dia de depoimento, autoridades começaram a investigar seu paradeiro.

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