onda de desinformação

O que se sabe sobre os protestos da extrema direita no Reino Unido?

Centenas de pessoas foram às ruas na última semana após ondas de desinformação sobre imigração ilegal; manifestantes atearam fogo em veículos, saquearam lojas e atacaram mesquitas

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Protestos da extrema direita no Reino Unido causam caos e destruição – Créditos: Reprodução/Redes sociais

Desde a semana passada, o Reino Unido tem registrado diversos protestos por parte da extrema direita. Os ataques violentos aconteceram na capital e em outras cidades, como Hull, Liverpool, Bristol e Manchester. Os manifestantes arremessaram pedras, saquearam lojas e agrediram policiais.

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Em Liverpool, por exemplo, cerca de mil pessoas reunidas gritaram insultos islamofóbicos e anti-imigração. Após o grupo enfrentar opositores, a polícia demonstrou dificuldade para contê-los. Centenas de pessoas foram detidas.

A origem do movimento foi um ataque fatal com faca em um evento infantil no noroeste da Inglaterra. Com a participação de facções de extrema-direita, o intuito da mobilização era criar desordem no país. Torcedores violentos de futebol, neonazistas e ativistas anti-muçulmanos e influenciadores digitais potencializaram as ondas de desinformação online para garantir mais aderência aos protestos.

As autoridades do país já reagiram aos ataques. A secretária do interior, Yvette Cooper, prometeu “justiça rápida” para os envolvidos nas “cenas vergonhosas de violência”. Similarmente, o primeiro ministro Keir Starmer convocou uma reunião de emergência para discutir o “vandalismo”. O encontro acontece nesta segunda-feira (5), e conta com a presença de ministros, policiais, funcionários públicos e outros agentes de inteligência.

Origem dos protestos

Na terça-feira da semana passada, um ataque a faca em Southport, noroeste da Inglaterra, deixou três meninas mortas. As crianças, que tinham de seis a nove anos, participavam de uma aula de dança. Oito crianças e dois adultos ficaram feridos em um crime que chocou o país.

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O autor do atentado, Axel Rudakubana, de 17 anos, foi alvo de rumores no mesmo dia do ataque. Informações falsas nas redes sociais afirmavam que ele era um imigrante radical islâmico que havia chegado ao Reino Unido como refugiado em 2023.

Entretanto, a polícia já esclareceu que o ataque não foi terrorista, e que Rudakubana nasceu nos Estados Unidos. Ele é acusado de três homicídios, 10 tentativas de homicídios, e posse de arma branca. O jovem ficará em custódia até uma audiência marcada para outubro.

Ainda assim, ativistas de extrema-direita usaram aplicativos de mensagens, como Telegram e X, para incentivar as pessoas saírem nas ruas e protestarem.  Na mesma noite, mais de 200 pessoas se reuniram. Muitas viajaram de trem até lá, de acordo com as autoridades. Juntos, os manifestantes atacaram uma mesquita, incendiaram veículos e feriram mais de 50 policiais.

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No dia seguinte, outra mobilização gerou confrontos com a polícia no centro de Londres. Além disso, focos de violência surgiram também em Hartlepool, Manchester e Aldershot. Mais de 100 pessoas foram presas.

Durante protestos ocorridos na sexta-feira passada, a polícia precisou conter manifestantes de extrema-direita que atearam fogo nos arredores e atacaram agentes de Sunderland.

Imigração e desinformação

A entrada de imigrantes no Reino Unido é um tema polarizante no país. De 2022 a 2023, foram identificados 52 mil e quinhentos imigrantes irregulares no local, quantidade que representa um aumento de 17% em relação ao período anterior.

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A restrição permanece uma prioridade para partidos alinhados à direita. O controle de imigração, inclusive, foi uma das pautas que motivou a saída do Reino Unido da União Europeia.

Porém, nem todos os participantes que foram ao protestos concordam com ideias extremistas da direita radical. Muitas pessoas foram às ruas por estarem preocupadas com crimes violentos ou por acreditarem em desinformações sobre a imigração ilegal.

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