RECORDE

ONU: “2023 é o ano mais quente e planeta já vive colapso climático”

Esses dados foram divulgados hoje (30) pela OMM, a Organização Meteorológica Mundial, na véspera da COP28, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima

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(Crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

2023 atingiu um novo recorde climático: é o ano mais quente já registrado. Além disso, a temperatura média global ultrapassou em cerca de 1,4ºC a linha de base pré-industrial estabelecida entre 1850-1900. Esses dados, que têm sido apontados como o presságio de um colapso climático, foram divulgados hoje (30) pela OMM, a Organização Meteorológica Mundial, na véspera da COP28, a Conferência da ONU sobre o Clima.

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A discrepância entre o ano atual e os anteriores recordistas de calor, 2016 e 2020, é tão significativa que é improvável que esse último mês tenha impacto suficiente para alterar esse recorde estabelecido ao longo de 174 anos de registro.

De acordo com a OMM, os últimos nove anos constituíram o período mais quente já documentado. Ainda, os meteorologistas preveem que o El Niño intensifique ainda mais o calor em 2024. Essas condições climáticas extremas tiveram impacto significativo em diversas regiões do globo. Na Itália, por exemplo, as temperaturas atingiram 48,2°C. Túnis (Tunísia), Agadir (Marrocos) e Argel (Argélia) também registraram recordes de temperatura com 49°C, 50,4°C e 49,2°C, respectivamente.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez uma declaração a respeito dos dados levantados pelo relatório da OMM: “Estamos vivendo um colapso climático em tempo real —e o impacto é devastador”.

Conclusões sobre o colapso climático

Os cientistas também destacaram outros dados relevantes a partir do relatório da OMM: os níveis de CO² aumentaram em 50% em comparação com a era pré-industrial, resultando na retenção de calor na atmosfera; dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, que são os três principais gases de efeito estufa, alcançaram patamares recordes em 2022, sendo este o último ano com dados globais consolidados disponíveis, mas os especialistas indicam que esse crescimento continua esse ano.

Além disso, um reflexo do contínuo processo de aquecimento e derretimento das geleiras é o aumento do nível médio global do mar, que alcançou um recorde no histórico de registros por satélite, que remonta a 1993.

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Em fevereiro, a extensão do gelo marinho na Antártica atingiu um recorde absoluto de baixa. Posteriormente, em junho, a extensão do gelo alcançou uma marca inédita para a época do ano. Em setembro, o máximo anual foi registrado em 16,96 milhões de km², aproximadamente 1,5 milhão de km² abaixo da média de 1991-2020. Ainda, na Suíça, as geleiras perderam cerca de 10% de seu volume remanescente nos últimos dois anos.

“Não podemos voltar ao clima do século 20, mas devemos agir agora para limitar os riscos de um clima cada vez mais inóspito neste e nos próximos séculos”, declarou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, a respeito dessas marcas.

Consequências e a urgência por medidas

Esses recordes tem desencadeado eventos extremos em todo o globo. O Canadá passou por uma temporada intensa de incêndios florestais que superou em seis vezes a média registrada em dez anos, chegando a 18,5 milhões de hectares. Grécia, Bulgária, Líbia e Turquia viveram inundações ligadas às chuvas extremas do ciclone mediterrâneo Daniel, que levou a perda de muitas vidas especialmente na Líbia.

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Entre outros eventos, o grande Chifre da África, a América Central e a América do Sul foram alvo de uma seca prolongada em muitas regiões. Na África, esse fenômeno levou ao deslocamento de pessoas. Já no Uruguai e no norte da Argentina, as chuvas entre os meses de janeiro e agosto ficaram entre 20% e 50% abaixo da média. Como consequência, muitas safras foram perdidas.

A ONU ressalta que esse colapso climático tem impactado principalmente populações mais vulneráveis, aumentando a insegurança alimentar e intensificando os deslocamentos de pessoas. Guterres destacou a necessidade dos líderes se comprometerem com adoção de medidas urgentes e claras diante das mudanças climáticas.

Ele solicitou a definição de expectativas transparentes e o comprometimento com parcerias e financiamentos, além de enfatizar a necessidade de triplicar as energias renováveis, duplicar a eficiência energética e eliminar paulatinamente os combustíveis fósseis, implementando um cronograma alinhado ao limite de 1,5 grau.

* Sob supervisão de Lilian Coelho

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