
O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haitham al-Ghais enviou, em seis de dezembro, uma carta aos países membros da entidade solicitando a rejeição de qualquer acordo para eliminar a extração de combustíveis fósseis, pauta muito discutida na COP28, evento que reúne figuras diplomáticas de cerca de 200 países para debater medidas sobre o meio ambiente.
Com o fim da conferência, sediada em Dubai, se aproximando, um rascunho das resoluções das reuniões, publicado nesta sexta-feira (8), chega a propor a “eliminação de combustíveis fósseis de acordo com a melhor ciência”. “Vamos, por favor, terminar com isso. Preciso que saiam de sua zona de conforto”, disse o presidente da COP28, Sultan al-Jaber.
Em direção contrária a pelo menos 80 países que demandam mudanças energéticas, a OPEP quer defender seus interesses. “Parece que a pressão indevida e desproporcional contra os combustíveis fósseis pode atingir um ponto de inflexão com consequências irreversíveis, uma vez que o projeto de decisão ainda contém opções sobre a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis”, cita a carta de Haitham.
Decisão histórica
“O último texto mostra que nunca estivemos tão perto de um acordo de eliminação de combustíveis fósseis”, opinou o gerente de política global do grupo Oil Change International, Romain Ioualalen. Entretanto, alerta que “grandes lacunas” podem favorecer a indústria do petróleo e que até o fim da Conferência, dia 12, haverá uma “árdua batalha”.
“O esqueleto de um acordo histórico está aqui”, disse o diretor da Power Shift Africa, Mohamed Adow, enquanto afirma que também há um reconhecimento de justiça em relação aos países em desenvolvimento. “O que precisamos agora é que os países apoiem a melhor decisão e reforce-as daqui em diante”.
O negociador-chefe do 🇧🇷 na #COP28, embaixador André Corrêa do Lago, participou hoje, 8/12, de diálogo com representantes da sociedade civil brasileira, com a presença da ministra Marina Silva. Esta foi a 2a reuniâo entre negociadores e sociedade civil na COP28. pic.twitter.com/ja8GgUcR7t
— Itamaraty Brasil 🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) December 8, 2023
Oposição
Por chefiar a firma nacional de petróleo dos Emirados Árabes Unidos, a ADNOC, al-Jaber teve suas intenções questionadas. O representante, porém, nega qualquer suspeita e afirma que uma eventual eliminação dos combustíveis fósseis é inevitável. Ele relembra também a aprovação de um fundo de perda e danos, que buscará auxiliar os países afetados pelos efeitos da mudança climática.
Um interessante fato levantado pela ativista ugandense pela justiça climática e embaixadora da Boa Vontade da UNICEF, Vanessa Nakate, revela que a COP28 teve a presença de 2.400 lobistas dos combustíveis fósseis, maior número até então.
“Se, depois de tudo isto, os líderes ainda não tiverem a coragem de chegar a acordo sobre a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, isso colocará em cheque a credibilidade não só da COP28, mas de todo o processo da COP”, disse.