O plano de invasão de Rafah, cidade do sul da Faixa de Gaza, foi aprovado por Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Em comunicado, afirmou:
“O primeiro-ministro aprovou os planos de ação em Rafah. As Forças Armadas de Israel estão se preparando operacionalmente”, declarou o gabinete israelense.
ATENÇÃO: Benjamin Netanyahu aprova invasão militar de Rafah, na Faixa de Gaza, via terrestre pelo Exército de Israel. Incursão deve começar em breve na cidade que tem 1,5 milhão de habitantes.
— Renato Souza (@reporterenato) March 15, 2024
Segundo Tel Aviv, Rafah seria o último reduto do Hamas no enclave. Nesse sentido, eles consideram necessária uma ofensiva na região para destruir o grupo terrorista. Contudo, segundo diversos grupos de direitos humanos da ONU entendem que, como lar de mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes do território palestino, a invasão de Rafah “resultaria em uma perda massiva de vidas e aumentaria o risco de mais crimes atrozes”.
A equipe do primeiro-ministro ainda não especificou um prazo para a invasão de Rafah. Porém, o governo declarou que ainda enviará uma delegação ao Qatar para discutir uma possível cessação das hostilidades no conflito em Gaza. Vale ressaltar que isso ocorreu apesar de Netanyahu ter descartado as exigências do Hamas.
“Em relação aos reféns, as demandas do Hamas ainda são irreais. Uma delegação israelense partirá para Doha após o gabinete de segurança discutir a posição de Israel”, comunicou.
Já para os Estados Unidos, a proposta do Hamas é razoável. “Estamos cautelosamente otimistas de que as coisas estão avançando na direção certa, mas isso não significa que esteja concluído”, foi o que disse John Kirby, porta-voz da Casa Branca, nesta sexta-feira (15). Em relação ao plano da invasão de Rafah, o porta-voz apontou que o governo norte-americano não teve acesso. Além disso, ele enfatizou que os EUA não apoiariam qualquer plano sem propostas “críveis” para o abrigo da população de Gaza.
O plano de cessar-fogo do Hamas
Um dia antes da aprovação da invasão de Rafah, o Hamas apresentou um plano de cessar-fogo de várias semanas, visando permitir a entrada de ajuda humanitária no enclave. Segundo a Reuters, a proposta inclui a devolução de reféns israelenses em troca da libertação de prisioneiros palestinos. O acordo também prevê, em fases subsequentes, negociações para encerrar o conflito. No entanto, Israel mantém sua posição de condicionar o fim do conflito à saída do Hamas do poder na Faixa de Gaza.
Ainda que Israel tenha recusado, as palavras usadas pelo país foram menos severas do que as empregadas para descrever a proposta do Hamas no mês anterior. Netanyahu anteriormente rotulou a oferta do grupo como “totalmente irracional”. Um alto funcionário do Hamas, Sami Abu Zuhri, relatou à Reuters que a postura de Netanyahu indicava a disposição do país para “minar todos os esforços para chegar a um acordo de cessar-fogo”. Ele ainda sugeriu que os Estados Unidos pressionassem Israel em direção à trégua.
Em meio a esse cenário, os negociadores não conseguiram alcançar um acordo de cessar-fogo antes do início do mês sagrado muçulmano do Ramadã, que teve início no último domingo (10). No entanto, os EUA e os países árabes mantêm sua determinação em continuar negociando para evitar a invasão de Rafah e garantir a entrada de ajuda humanitária.
* Sob supervisão de Lilian Coelho