O Reino Unido anunciou novas diretrizes que estabelecem limites de idade para conteúdos de educação sexual nas escolas. A educação sexual não será ensinada antes do Year 5, equivalente a crianças de 9 a 10 anos. Assim, nesse estágio, será abordada de uma perspectiva puramente científica.
Entretanto, no ensino médio, as aulas incluirão temas como orientação sexual e mudança de gênero. O governo britânico ressaltou a importância de uma abordagem cautelosa, evitando materiais que apresentem pontos de vista contestados como fatos, como a visão de que gênero é um espectro. “A contestada teoria da identidade de gênero não será ensinada (nas escolas)”, diz a nova regra governamental.
A ministra da Educação, Gillian Keegan, afirmou que a diretriz fornecerá suporte às escolas sobre como e quando abordar tópicos difíceis, esclarecendo o que é apropriado em cada etapa escolar. Nesse sentido, ao fazer o anúncio, o primeiro-ministro, Rishi Sunak, disse que a nova orientação garante que as crianças não serão “expostas a conteúdos perturbadores”.
Caso os estudantes perguntem aos professores sobre identidade de gênero, a orientação do governo aos mestres é que simplesmente digam que este é “um assunto contestado” e que mudem de assunto.
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Quando questionada, em um programa da estação de rádio BBC Radio 4, Keegan mencionou materiais que tratam a identidade de gênero como um espectro. Ela afirma que estes incentivam crianças a fazer testes sobre identidade de gênero, ignorando o sexo biológico. Além disso, ela enfatizou que a medida não pretende impedir a mudança de gênero, que é protegida pela Lei de Igualdade de 2010. “O sexo biológico é a base do relacionamento, do sexo e da educação para a saúde – e não essas opiniões contestadas”, disse ela.
Educadores desaprovam da decisão no Reino Unido
Profissionais da educação expressaram preocupações sobre as novas diretrizes. Elizabeth West, diretora de um grupo de 17 escolas, afirmou que não há evidências de que os alunos estejam sendo expostos a conteúdos inadequados. Paul Whiteman, secretário-geral do sindicato National Association of School Principals, alertou que limites rígidos podem levar crianças a buscar informações em fontes não confiáveis.
Josephine Morgan, educadora e CEO da Engendering Change, criticou a decisão, considerando um desserviço às crianças não ensinar sobre esses temas. Ela argumentou que, como educadores, é essencial discutir informações presentes nas notícias e nas mídias sociais, relacionando-as com a Lei da Igualdade.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini