Em 2024, a igreja católica deve canonizar a beata María Antonia de Paz y Figueroa, conhecida como Mama Antula. Ela será a primeira santa da Argentina, país do papa Francisco.
O pontífice aprovou, no fim de outubro deste ano, o que igreja considera ter sido um milagre realizado por Mama Antula. No início dos anos 1900, ela teria intercedido por uma freira que apresentava infecção generalizada no corpo, curando-a e permitindo que ela recuperasse a saúde.
História
Mama Antula nasceu em 1730 em Santiago del Estero, na Argentina. Ela fundou a Santa Casa de Exercícios Espirituais de Buenos Aires, e veio a falecer em 7 de março de 1799. Seus restos mortais atualmente estão na igreja de Nuestra Señora de la Piedad, na capital do país.
Como não entrou para o convento, apesar de também não ter se casado, Mama Antula é considerada uma leiga consagrada.
“Os leigos são as pessoas que não são nem sacerdotes nem religiosos de uma congregação religiosa, como por exemplo franciscanos e beneditinos“, detalha Filipe Domingues, vaticanista que mora em Roma e possui doutorado em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Domingues explica que ela fez uma consagração específica: “Algumas pessoas resolvem se consagrar mesmo sem entrar em uma instituição oficialmente, sem se tornar freira. Ela não era uma freira. Ela era uma mulher leiga e parece que isso até marcou um pouco a saída da família. Ela foi meio rebelde, não quis nem casar nem virar freira“.
Quando os jesuítas foram expulsos dos Argentina, María Antonia tinha 15 anos e havia acabado de concluir seus estudos na ordem. Ela falava quíchua, língua indígena dos países da Cordilheira dos Andes. Por isso, decidiu sair andando, difundindo os pensamentos em que acreditava, por quilômetros e durante anos.
Com o passar do tempo, Mama Antula foi conquistando a fama de santidade. “Ela cuidava dos pobres, tinha casas de regime espiritual que ela conduziu, ela viajou o país inteiro a pé. Então, ela ficou muito popular, principalmente entre os mais pobres. Essa vida meio diferente, de altruísmo muito grande, de evangelização, leva a uma fama de santidade, mas até essa pessoa morrer fica só essa essa fama mesmo. Quando a pessoa morre, geralmente há uma grande devoção e algumas pessoas começam a rezar pela intercessão dessa pessoa porque elas acreditam nela sendo uma pessoa santa“, conta Domingues.