No primeiro lote de documentos judiciais relacionados ao caso Epstein, revelados nesta quinta-feira (4), há o nome de Stephen Hawking, o falecido astrofísico, que até agora não tinha estado publicamente envolvido no caso. Michael Jackson, Príncipe Andrew, Bill Clinton, Donald Trump e Leonardo DiCaprio também são mencionados na suposta ‘orgia de menores’, que teria acontecido na casa de Jeffrey Epstein, em Nova York, no ano de 2001.
A ex-namorada do multimilionário Jeffrey Epstein (1953-2019), condenado por abuso sexual e tráfico de menores, Ghislaine Maxwell, foi processada em 2015 por Virginia Giuffre, suposta vítima de tráfico quando tinha 17 anos. De acordo com o processo, o pedófilo enviou um e-mail em 12 de janeiro de 2015 à companheira, para que ela oferecesse dinheiro aos amigos de Giuffre, caso eles pudessem negar as acusações de que o professor Stephen Hawking participou de uma ‘orgia de menores’.
Epstein escreveu: “Você pode oferecer uma recompensa a qualquer amigo, conhecido, familiar de Virginia que se apresente e ajude a provar que suas alegações são falsas. A mais forte é o jantar com Clinton, e a nova versão nas Ilhas Virgens em que Stephen Hawking participou de uma orgia com menores.”
Há imagens que mostram que o famoso físico visitou a ilha de Epstein em 2006 durante uma conferência, antes de suas acusações. Não está claro por que o físico estava na ilha, por que Epstein quis refutar a acusação daquela orgia, se ela realmente aconteceu ou se foi apenas uma acusação de Virginia Giuffre.
Stephen Hawking pictured on Jeffrey Epstein’s Island pic.twitter.com/Mla6FBXjpk
— Creepy.org (@CreepyOrg) January 4, 2024
Durante sua viagem à região, Hawking participou de um churrasco com Epstein e fez um passeio subaquático pelo fundo do mar ao largo da ilha do pedófilo. Como o The Telegraph também noticiou na época, a conferência sobre gravidade em março de 2006 foi financiada por Epstein, na ilha vizinha de St. Thomas.
Stephen Hawking faleceu em 2018, aos 76 anos, após uma batalha de mais de quatro décadas contra a esclerose lateral amiotrófica, condição que o deixou progressivamente paralisado.
Nomes também referidos no caso Epstein
Muitos dos nomes envolvidos na ‘orgia de menores’ em Epstein já são conhecidos, tendo sido identificados durante o julgamento de Ghislaine Maxwell em 2021, condenada a 20 anos de prisão por ter ajudado Epstein a abusar sexualmente de menores, ou porque deram entrevistas ou foram objeto de denúncias.
De acordo com a CNN, estes documentos podem tornar públicos até 200 nomes, incluindo acusadores de Epstein, entre empresários e políticos.
A primeira leva de documentos, que tem cerca de mil páginas no total, inclui o nome do príncipe Andrew, da Inglaterra, que Giuffre processou por abuso sexual e com quem chegou a um acordo extrajudicial. Também presente no processo está o antigo presidente norte-americano Bill Clinton (1993-2001), identificado pela ABC News como “John Doe 36”, que Giuffre tentou, sem sucesso, intimar a depor.
Clinton não foi acusado, no entanto, consta nas listas de passageiros dos voos de Epstein para diferentes países, mas a possível presença numa das ilhas do milionário não é clara, e foi negada pelo antigo presidente norte-americano. Outros nomes nos documentos incluem o cantor Michael Jackson e o mágico David Copperfield, embora nenhum ato ilícito seja alegado. Johanna Sjoberg, uma das vítimas, disse que conheceu o cantor e o mágico através de Epstein.
O documento também inclui o testemunho de Sjoberg, no qual afirma que Epstein lhe disse que contataria Donald Trump a caminho de um dos seus casinos em Nova Jersey em 2001. Os documentos não contêm nenhuma alegação, no entanto, de atos ilícitos da autoria de Trump. Nomes de atores de peso, entre os quais Cate Blanchett, Naomi Campbell, Cameron Diaz, Leonardo DiCaprio e Bruce Willis também foram mencionados.
É importante destacar que a menção de um nome nos documentos não implica propriamente qualquer tipo de culpa, uma vez que existem desde e-mails a declarações de vítimas e testemunhas. A identidade de menores de idade ou de quem não prestou declarações públicas vai permanecer oculta.
* Matéria publicada sob supervisão de Ricardo Parra.