atos antidemocráticos

Capelli: “QG em frente ao Exército foi essencial para ataques”

“Todos os atos tiveram sua organização, planejamento e ponto de apoio no acampamento. Aquilo virou um centro de construção de planos contra a democracia brasileira”, afirmou o interventor Ricardo Capelli.

Capelli diz que QG em frente ao exército foi essencial para o ataque do dia 8
A Polício Militar e Civil tentararam desmontar o acampamento, porém, o Exército cancelou as operações (Crédito: José Cruz/Agência Brasil)

Ricardo Capelli, interventor federal, destacou a importância do acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília para o ataque do dia 8 de janeiro.

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“Todos os atos tiveram sua organização, planejamento e ponto de apoio no acampamento. Aquilo virou um centro de construção de planos contra a democracia brasileira”, afirmou o interventor durante apresentação do relatório sobre os atos criminosos praticados durante o ataque.

Segundo Capelli, o acampamento saía do comum pela sua infraestrutura, que contava com banheiros químicos, cozinha estruturada, geradores de energia, entre outros recursos. De acordo com informações da CNN, ele disse que a Polício Militar e Civil tentararam desmontar o acampamento, que, segundo ele era uma “minicidade golpista e terrorista”, porém, o Exército cancelou as operações. 

Além disso, afirmou que havia documentos que alertavam sobre o risco de um ataque. “Houve informação sobre o que aconteceria no dia 8. Há um relatório da Secretaria de Segurança Pública do DF do dia 6 de janeiro onde está escrito textualmente que existia ameaça concreta de invasão aos prédios públicos”. O relatório teria sido entregue ao gabinete de Anderson Torres, o então secretário de segurança do DF, no próprio dia 6, segundo Capelli.

Porém, o interventor também disse que não havia, no documento, nenhum plano de ação nem de serviço para as forças armadas de segurança no dia 8. Portanto, não há nenhum registro de quantos policiais estavam presentes no local, apenas um memorando que foi encaminhado burocraticamente para algumas unidades da polícia.

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8 DE JANEIRO

Segundo Capelli, os policiais demoraram para acionar reforços no dia do ataque, já que o grupo de manifestantes saiu do acampamento em frente ao QG do Exército por voltas das 13h, e começaram a demonstrar um comportamento mais agressivo até quebrarem a linha de contenção às 14h43.

O acionamento de reforços das forças de segurança na avenida das bandeiras aconteceu às 15h. “Quando mais tropas chegaram, os Três Poderes já estavam invadidos”, disse o interventor.

Capelli também disse que os gradis utilizados não tinham a proteção adequada e policiais que ainda estavam no curso de formação participavam da linha de frente de contenção. “Todas essas questões operacionais corroboram com a ausência de um planejamento adequado.” Além disso, nove comandantes das forças de segurança estavam de férias no dia 8, outro fator que, para ele, enfraqueceu a segurança do local.

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“Existem seis inquéritos, dentro da Polícia Militar, para apurar a conduta de policiais durante os atos”, disse Capelli. Além disso, foi informado que seis coronéis já foram exonerados.

A politização das forças de segurança fez com que as ordens dos comandantes não fossem atendidas pelos policiais sob seu comando, segundo o interventor. Fábio Augusto, comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, atuou para tentar defender os poderes, porém, não teve suas ordens atendidas.

“COINCIDÊNCIAS”

Capelli também criticou a postura de Anderson Torres, novamente, dizendo que o ex-secretário mudou os servidores no comando dentro de sua Secretaria (Secretaria de Segurnaça Pública do DF) e viajou a lazer em seguida.

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“Esse conjunto de coincidências pode caracterizar algo muito pior do que ausência de comando”, disse. “Temos uma sucessão de problemas: o planejamento operacional inexistente, a postura passiva das forças armadas. São muitas coincidências juntas.”

Segundo Capelli o relatório apresentado é apenas o “ponto de partida”, e que, com a liderança do novo secretário de Segurança do DF, Sandro Avelar, as investigações seguirão avançando mesmo após o fim da intervenção no fim de janeiro.“A intervenção termina no dia 31, mas tenho plena confiança no secretário Sandro Avelar para dar continuidade a esse trabalho”, falou.

*Texto sob supervisão de Lilian Coelho

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