“Há todos os elementos para ele [Bolsonaro] se tornar inelegível e agora cada vez mais elementos para ele ser preso. Como é que ele vai liderar a oposição? Eu não vejo nenhuma condição nele” disse o deputado, durante uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada na noite deste sábado (1º). “Aí você me pergunta: qual o papel dele na oposição? Para mim, sumir”, completou Kataguiri.
Ela também falou que Bolsonaro é “corrupto”, “vagabundo” e “quadrilheiro”. “Quando ele era presidente da República, nas eleições municipais, ele não fez base. Ele estava com a caneta na mão, era governo federal e ele não fez base. Imagina na oposição o que ele vai fazer na eleição municipal? Não vai ter capacidade de articular nada”, declarou.
Câmara dos Deputados
Além disso, o deputado disse que vê comportamentos diferentes do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nas gestões atual e passada: “Lira do governo Bolsonaro definitivamente não é o Lira do governo Lula”.
“Como Bolsonaro escolheu se omitir da articulação política e escolheu criar o orçamento secreto [as emendas de relator] para que o presidente da Câmara formasse base para o governo para aprovar suas matérias”, afirmou.
“Com o fim do orçamento secreto, o compromisso do Lira é o de pautar as matérias ou não pautar as matérias de acordo com os interesses do governo. Mas não de construir base”, acrescentou.
Ele afirmou que o União Brasil “não topou” fazer parte do governo. Também declarou que a decisão de assumir ministérios não coube ao partido, e, sim, aos ministros Juscelino Filho (Comunicações), Daniela Carneiro (Turismo) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional). Góes é do PDT, porém foi indicado pelo União Brasil.
“Independentemente do que acontecer, vou ser um deputado de oposição”, afirmou. Acerca da votação de uma nova regra fiscal, ele falou ser a favor caso seja “uma âncora responsável” em que haja “de fato uma limitação do endividamento público, uma limitação do gasto público”. Nesta semana, o governo apresentou o projeto para o chamado “arcabouço fiscal”, que deve substituir o antigo teto de gastos.
“Independentemente de ser oposição, por princípio, sou a favor de haver uma âncora fiscal que limita gastos. Então vou votar a favor”, declarou Kataguiri. O deputado disse achar “muito difícil” que a reforma tributária seja aprovada no 1º semestre por ser “complexa demais”.
“Enquanto o governo não tiver base, não vai votar a reforma tributária só pela boa vontade da Câmara em analisar”, declarou. Ele acrescentou dizendo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem participado “muito pouco” dos debates na Casa sobre o tema.
“Ao mesmo tempo, ele está sendo alvo de fogo amigo. No arcabouço, acho que está faltando diálogo com a Câmara sobre qual vai ser. E outras medidas, como o Carf [medida enviada pelo governo que estabelece o fim da regra de que julgamentos que terminam empatados são considerados favoráveis aos contribuintes], por exemplo, acho que vai ser uma grande derrota para o governo.”