O advogado argentino Luis Moreno Ocampo, relatado no filme “Argentina, 1985“, disse em entrevista ao Roda Viva, programa da TV Cultura, que vê dificuldades no ex-presidente Jair Bolsonaro responder por genocídio no Tribunal de Haia contra os Yanomamis.
Questionado pelo jornalista Weslley Galzo, do jornal O Estado de S. Paulo, Ocampo, que já trabalhou na Corte, respondeu:
“Pedi a prisão do presidente do Sudão por genocídio. Tinha provas que ele havia recrutado milícias, as havia incorporado ao exército, e que esse exército havia cercado as pequenas aldeias das tribos que ele queria exterminar. Atacavam com bombardeio aéreo e depois as milícias entravam para queimar as casas, estuprar mulheres, matar homens e, para deixar a área deserta, destruíram o sistema de fornecimento de água. Isso é genocídio“, explica comparando a situação do território brasileiro com a do Sudão.
Segundo ele, a postura de Bolsonaro contra os Yanomami está mais dentro de uma esfera política do que criminal, o que torna a responsabilização mais complexa.
“Se quiser levar o caso dos indígenas Yanomami à Corte Penal Internacional, leve provas da existência de um plano de extermínio e aí terá chance“, completou.
“Vocês não têm um processo de genocídio contra o Bolsonaro. Eu acho que não“, finaliza.
Liderado pela jornalista Vera Magalhães, essa edição foi realizada por: Alberto Gaspar, apresentador do programa Legião Estrangeira, da TV Cultura; Janaína Figueiredo, repórter especial do jornal O Globo; Sylvia Colombo, colunista da Folha de S. Paulo e especialista em América Latina, Wallace Corb;, professor de direito constitucional na Faculdade Getúlio Vargas (FGV – Rio), e Wesley Galzo, repórter do jornal O Estado de S. Paulo, em Brasília.
“Se quiser levar o caso dos indígenas Yanomami à Corte Penal Internacional, leve provas da existência de um plano de extermínio”, explica advogado argentino.#RodaViva pic.twitter.com/9T1slGFI3z
— Roda Viva (@rodaviva) February 28, 2023