
Neste domingo, 28 de abril de 2024, os olhos do mundo estão voltados para a Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro tenta assegurar um terceiro mandato presidencial. No entanto, pesquisas apontam que ele está 20 pontos percentuais atrás de Edmundo Gonzalez, um ex-embaixador e o principal candidato da oposição.
A eleição de 2018, que reconduziu Maduro ao poder, foi amplamente contestada e considerada fraudulenta por países como os Estados Unidos e outras nações. Apesar das críticas, Maduro defende a transparência do sistema eleitoral venezuelano e acusa a oposição de planejar alegações infundadas de fraude.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) tem sido alvo de críticas tanto de grupos de defesa dos eleitores quanto da oposição. Decisões logísticas são apontadas como fatores que podem limitar o acesso ao voto para os 21,3 milhões de eleitores registrados.
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Segundo dados oficiais, dos 15.797 locais de votação existentes, pelo menos 8.000 terão apenas uma urna. Este número é um aumento significativo em relação aos 6.800 locais com urnas únicas na eleição de 2018. A Transparência Eleitoral, uma ONG regional, aponta que esses locais são mais difíceis de monitorar quanto a possíveis fraudes.
Oposição destaca dificuldades e acusações de manipulação
Andres Caleca, ex-funcionário do CNE e figura proeminente nas primárias da oposição, declarou em sua conta no X (antigo Twitter) que as medidas adotadas pelo CNE visam manipular e distorcer o desejo de mudança da maioria. “Eles querem manipular e distorcer o desejo de mudança da grande maioria”, afirmou.
Cada abuso, cada atropello, cada irrespeto de los prepotentes, es una razón más para votar en avalancha. El domingo se expresa el verdadero poder: el poder libre, sereno e insoslayable del voto masivo de los ciudadanos.
— Andrés Caleca (@ajcaleca) July 26, 2024
Além da preocupação com a quantidade de urnas por local, a oposição alega que a alteração de locais de votação para estados diferentes dificulta ainda mais a participação dos eleitores.
De acordo com a consultoria Polity, liderada por John Magdaleno, a implementação de urnas únicas parece ser parte de uma “engenharia eleitoral” projetada para introduzir incerteza e favorecer o regime autoritário de Maduro. “Todas as autocracias tentam alterar os termos sob os quais uma competição eleitoral ocorre, introduzindo mais incerteza”, explicou Magdaleno.
As 13 aparições de Maduro
A crítica à cédula eleitoral, que inclui uma foto de cada candidato acima do logotipo do partido, também foi uma questão levantada pela oposição. Em maio, quando a Venezuela revogou o convite à União Europeia para enviar observadores, a UE lamentou a decisão e chamou por eleições livres e justas.
Adicionalmente, a oposição questionou a nova regra do CNE que permite apenas que testemunhas eleitorais desempenhem suas funções na mesma mesa de votação onde votam, criticando a lentidão na distribuição das credenciais necessárias.
A diáspora venezuelana, que conta com 7,7 milhões de pessoas, enfrenta seus próprios obstáculos. Dos 4 milhões de migrantes elegíveis para votar, apenas 69.200 estão registrados. A oposição afirma que muitos eleitores enfrentaram problemas burocráticos em países como Colômbia e Peru.
A complexa situação para eleitores dentro e fora do país, somada às críticas ao sistema eleitoral, coloca um desafio significativo para a eleição deste domingo. Resta saber se Nicolás Maduro conseguirá superar as acusações e a desconfiança para buscar seu terceiro mandato presidencial.