EMERGÊNCIA DE SAÚDE

Yanomamis recebem abrigo e voluntários da Força Nacional do SUS

O objetivo é acolher e atender os indígenas que vivem uma crise sanitária no estado.

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Entre os profissionais estão nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros (Crédito: Andressa Anholete / Getty Images)

O governador de Roraima, Antonio Denarium, anunciou a instalação de um abrigo estadual para o acolhimento dos indígenas yanomamis, que vivem uma crise sanitária no estado. O compromisso consta em um ofício encaminhado por Denarium ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida tem previsão de ser efetivada nos próximos 30 dias e a gestão da unidade será compartilhada com o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y). As atividades no local devem ser desenvolvidas em parceria entre órgãos do estado e a União.

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Estive em reunião com os ministros e reafirmo o compromisso com Roraima e com o Brasil. Estamos disponibilizando a estrutura da administração pública do Estado em apoio ao Governo Federal para unirmos forças e sanar a grave crise enfrentada pela população Yanomami. Será um trabalho feito em conjunto e de forma coordenada”, declarou o governador, após se reunir com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em Brasília.

O abrigo será instalado em um local de propriedade do governo do estado, a cerca de 200 metros da Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami, onde também foi instalado um Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o ofício de Denarium enviado a Lula, o espaço será adaptado para acolher os indígenas em tratamento de saúde, “com ambiente seguindo os costumes da etnia“. O edifício principal tem cerca de 500 metros quadrados e um bloco anexo, que funcionará como administração, enfermaria e coleta de exames.

O abrigo estadual obedecerá aos hábitos e costumes da etnia, sem que haja nenhum prejuízo à cultura secular dos Yanomami e funcionará durante o período de vigência do decreto de emergência da saúde Yanomami, com instalações que estão localizadas ao lado da Casai, melhorando assim a qualidade dos indígenas acolhidos pela instituição“, diz um trecho do ofício.

A gestão pública do espaço será de responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, com apoio da Secretaria da Saúde do Estado e da Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes).

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GOVERNO ENVIA VOLUNTÁRIOS DA FORÇA NACIONAL DOS SUS

Ao menos 40 voluntários da Força Nacional do SUS desembarcam em Boa Vista (RR) para reforçar as ações de enfrentamento à situação de emergência em saúde pública que atinge a população yanomami.

Entre os profissionais estão nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros. Eles vão compor nove equipes multidisciplinares focadas nos atendimentos prestados na Casa de Saúde Indígena (Casai) e também vão percorrer três polos de atendimento de saúde nos territórios indígenas de Auaris, Surucucu e Missão Catrimani.

Os novos voluntários vão integrar equipes para atuar na busca ativa dos pacientes. Para isso, os profissionais vão passar por treinamentos específicos para casos de desnutrição e malária.

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GARIMPO ILEGAL EM TERRAS INDÍGENAS

Uma das principais causas da situação de calamidade vivida pelos povos yanomamis é o garimpo ilegal. A mineração ilegal em terras indígenas da Amazônia Legal aumentou 1.217% nos últimos 35 anos. De 1985 para 2020, a área atingida pela atividade garimpeira passou de 7,45 quilômetros quadrados (km²) para 102,16 km².

De acordo com um estudo elaborado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade do Sul do Alabama, dos Estados Unidos, quase todo o garimpo ilegal (95%) fica em apenas três terras indígenas: a Kayapó, a Munduruku e a Yanomami. Os resultados do trabalho foram publicados na revista Remote Sensing.

A pesquisa destaca ainda que, em terras indígenas da Amazônia Legal, os garimpeiros buscam ouro (99,5%) e estanho (0,5%). A exploração se dá mais fortemente no território dos kayapó, que também convivem com o avanço de madeireiros e da siderurgia. Nesse caso, estima-se que, em 2020, a área ocupada pelos garimpeiros era de 77,1 km², quase 1.000% a mais que o registrado em 1985 – 7,2 km².

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Conforme alerta o pós-doutorando Guilherme Augusto Verola Mataveli, da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Inpe, o que geralmente ocorre na mineração praticada na Amazônia Legal, incluindo nas terras indígenas, é que o desmatamento precede o garimpo. Ou seja, sinais de desmatamento da floresta podem servir de indicativo para a ação de autoridades contra o garimpo ilegal.

 

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