Desde muito jovem, Aline Torres se interessou em fazer a diferença na vida das pessoas por meio da política. Na adolescência, já estava engajada nas causas do bairro em que nasceu, em Pirituba, Zona Oeste de São Paulo.
Aos 16 anos, entrou na Educafro, uma organização de apoio à inclusão do jovem preto ao ensino superior e aos 18 anos fazia parte da juventude do PSDB. “Aprendi que jovem serve pra gritar e conquistar direitos”, conta.
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E, foi ‘no grito’ que conheceu o então Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, atual vice-presidente da República. Ela lembra que ao lado de uma amiga ‘barraqueira’ denunciou uma irregularidade e pediu melhorias.
“Tinha um programa do governo chamado PAT – Posto de Atendimento ao Trabalhador, que oferece vagas de emprego. Estávamos eu e ela na fila. Nós acordamos 6 da manhã, pois tinha um número de senhas por dia. Aí, a gente viu que uma pessoa que trabalhava no lugar estava segurando senhas. Pra o azar dela, naquele dia, Geraldo Alckmin estava passando pra fazer vistoria. Minha amiga puxou Geraldo pelo braço e disse Olha aqui, governador, sua funcionária é ladra, pois está acontecendo isso e isso,” lembra Aline.
Depois disso, conta Aline Torres, “ele pegou nosso telefone e deu satisfações sobre a mudança na forma de distribuição de senhas: o sistema, que era manual, passou a ser eletrônico”.
Hoje, à frente da secretaria municipal de Cultura de São Paulo, ela explica, com serenidade, como está lidando com este desafio de ouvir as demandas da população: “É o melhor desafio da minha vida!”, conta.
Aline conta que, desde que chegou à Prefeitura, sua meta é a descentralização dos equipamentos culturais. Ela afirma que é preciso que a periferia se torne palco de eventos e que não apenas o Centro de São Paulo ou bairros nobres ofereçam opções de lazer. “A pessoa que mora em Parelheiros vai sair de casa, pegar 2 horas de condução, por 40 minutos de um show no centro? Isso quando ela já atravessa a cidade a semana inteira? ela não vai”, explica Aline.
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Quando pergunto sobre os desafios de ser uma mulher, negra, que nasceu na periferia, à frente da pasta da maior cidade da América Latina, Aline lembra que é uma luta antiga, mas já aprendeu a se defender: “Eu invisto bastante em advogados em situações de racismo na minha vida. Como secretária, hoje, o pior é estar num lugar em que os secretários eram homens e brancos, pensadores, acadêmicos… E a sociedade quando vê a Aline [secretária de Cultura] não me identifica neste lugar, não legitima a minha função, minha pessoa e minhas falas”, afirma.
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