democracia brasileira

Moraes: “Liberdade de expressão não é liberdade de agressão”

A declaração foi feita após as recentes postagens de Elon Musk contra o misnistro do STF

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, disse nesta quarta-feira (10) que "liberdade de expressão não é liberdade de agressão".
Ministro Alexandre de Moraes – Crédito: Rosinei Coutinho/STF

Alvo de ataques do bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) desde o último fim de semana, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira (10) que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão”.

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A declaração foi feita após as recentes postagens nas quais o empresário naturalizado norte-americano sugeriu que iria desobedecer a ordens judiciais emitidas contra a plataforma. A investigação da Corte trata da atuação de milícias digitais contra a democracia brasileira.

Além de Alexandre de Moraes, falaram sobre o tema o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e o decano do Supremo, ministro Gilmar Mendes. “Tenho absoluta convicção de que o Supremo Tribunal Federal, a população brasileira e as pessoas de bem sabem que liberdade de expressão não é liberdade de agressão”, afirmou Moraes.

“Sabem que liberdade de expressão não é liberdade para a proliferação do ódio, do racismo, da misoginia, da homofobia. Sabem que liberdade de expressão não é liberdade de defesa da tirania. Talvez alguns alienígenas não saibam, mas passaram a aprender e tiveram conhecimento da coragem e da seriedade do Poder Judiciário brasileiro”, completou.

Regulamentação das redes sociais

Gilmar Mendes também criticou os ataques do dono do X e manifestou solidariedade ao colega de tribunal. O ministro destacou a necessidade de um profundo debate no país sobre a regulamentação das redes sociais.

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“O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais. Sem pretender pessoalizar o debate nem fatos concretos que podem ser objeto de deliberação por parte do tribunal, acredito que as manifestações veiculadas na rede social X, antigo Twitter, apenas comprovam a necessidade de que o Brasil, de uma vez por todas, regulamente de modo mais preciso o ambiente virtual, como, de resto, ocorre com grande parte dos países democráticos europeus”, disse Gilmar.

“Nesse sentido, há muito tempo estou convicto de que, apenas com a elaboração de uma nova legislação, será possível estabelecer com mais segurança os direitos e deveres de todos aqueles que se disponham a atuar na internet, sem que haja espaço para agressões, mentiras, golpismos e outros males que têm assolado o país nos últimos anos”, prosseguiu o decano.

Polêmica entre Elon Musk e Alexandre de Moraes

No último sábado (6), Elon Musk iniciou uma série de postagens criticando o ministro Alexandre de Moraes. O bilionário até ameaçou fechar o escritório do X no Brasil. 

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“Em breve, o X publicará tudo o que é exigido por Alexandre de Moraes e como essas solicitações violam a legislação brasileira. Esse juiz traiu descaradamente e repetidamente a Constituição e o povo do Brasil. Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment. Vergonha, Alexandre, vergonha”, escreveu Musk em sua conta oficial.

Antes deste ataque, o bilionário já havia escrito que suspenderia as restrições impostas pela Justiça brasileira a diversos perfis na rede. Ele também acusou Moraes de censurar a plataforma e afirmou que o STF praticava “censura agressiva” no país. De acordo com o dono do X, o ministro parecia “violar a lei e a vontade do povo do Brasil”.

Horas depois das mensagens de Musk, Moraes incluiu o dono do X no inquérito das milícias digitais, que tramita no STF e investiga a atuação de grupos supostamente antidemocráticos nas redes.

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Em sua decisão, divulgada no domingo (7), Moraes afirma ser “inaceitável que qualquer dos representantes das redes sociais, em especial o ex-Twitter, atual ‘X’, desconheçam a instrumentalização criminosa que vem sendo realizada pelas denominadas milícias digitais, na divulgação, propagação e ampliação de práticas ilícitas nas redes sociais”.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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