“O PODER NÃO FICA ÓRFÃO"

O que aconteceria politicamente se Jair Bolsonaro fosse preso?

Rodrigo Prando, cientista político ouvido pela Perfil Brasil, analisa a situação do ex-presidente.

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Jair Bolsonaro (Crédito: Andressa Anholete/Getty Images)

As consequências dos atos golpistas do dia 08 de janeiro podem traçar um destino amargo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O clima político acalorado no Brasil, somado à perda de seu foro privilegiado, reforça esse desfecho. 

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O cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, explica que a situação de Bolsonaro é delicada tanto no aspecto jurídico, quanto no político. 

Juridicamente a gente sabe que antes, quando ele exercia o seu mandato, ele estava protegido, porque ele tinha o foro privilegiado. Era o presidente da República em exercício de fato,  já não é mais”, analisa. 

Dessa forma, a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou o fim de seus poderes perante a Justiça. Agora, as investigações podem ser enviadas para a primeira instância, ou seja, para a porta de entrada do Poder Judiciário – por onde se inicia a maior parte dos processos que são analisados e julgados por um juiz.

Porém, mesmo sem o principal posto de comando nacional, sua influência e seu capital político continuam ressoando. Os mais de 58 milhões de votos nas eleições de 2022 não desaparecerão da história. 

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O poder não fica órfão. Se Bolsonaro porventura não puder exercer o seu poder, outro assumirá esse espólio político. O que significa que até mesmo um bolsonarista mais radical poderá assumir a condição de líder dos bolsonaristas”, comenta Prando.

Atualmente o ex-presidente permanece de férias em Orlando, nos Estados Unidos.

O CERCO SE FECHA

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O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves deu um prazo de cinco dias, contados a partir da citação manifestada no despacho publicado em 21 de janeiro, para que o ex-presidente Jair Bolsonaro se pronuncie sobre a postagem em que contesta o resultado das eleições do ano passado.

Publicada em seu perfil oficial dias após os atentados contra as sedes dos Três Poderes, Bolsonaro diz: Lula não foi escolhido pelo povo. Ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”. O post foi apagado na sequência.

A petição cita também a apreensão de uma “minuta de decreto destinada a instaurar Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral e alterar o resultado das Eleições Presidenciais de 2022”, encontrada na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

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Torres foi preso pela Polícia Federal ao voltar dos Estados Unidos no último dia dia 14 de janeiro. Ele é investigado por envolvimento nos movimentos golpistas que sucederam no dia 08 de janeiro, em Brasília.

Ademais, Bolsonaro é investigado em diversos processos, a maioria ainda em fase inicial. Os possíveis desenlaces para esse imbróglio irão afetar diretamente a vida pública de Jair Bolsonaro e seus aliados, além de terem um impacto direto na organização política brasileira.

 

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