
As consequências dos atos golpistas do dia 08 de janeiro podem traçar um destino amargo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O clima político acalorado no Brasil, somado à perda de seu foro privilegiado, reforça esse desfecho.
O cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, explica que a situação de Bolsonaro é delicada tanto no aspecto jurídico, quanto no político.
“Juridicamente a gente sabe que antes, quando ele exercia o seu mandato, ele estava protegido, porque ele tinha o foro privilegiado. Era o presidente da República em exercício de fato, já não é mais”, analisa.
Dessa forma, a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou o fim de seus poderes perante a Justiça. Agora, as investigações podem ser enviadas para a primeira instância, ou seja, para a porta de entrada do Poder Judiciário – por onde se inicia a maior parte dos processos que são analisados e julgados por um juiz.
Porém, mesmo sem o principal posto de comando nacional, sua influência e seu capital político continuam ressoando. Os mais de 58 milhões de votos nas eleições de 2022 não desaparecerão da história.
“O poder não fica órfão. Se Bolsonaro porventura não puder exercer o seu poder, outro assumirá esse espólio político. O que significa que até mesmo um bolsonarista mais radical poderá assumir a condição de líder dos bolsonaristas”, comenta Prando.
Atualmente o ex-presidente permanece de férias em Orlando, nos Estados Unidos.
O CERCO SE FECHA
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves deu um prazo de cinco dias, contados a partir da citação manifestada no despacho publicado em 21 de janeiro, para que o ex-presidente Jair Bolsonaro se pronuncie sobre a postagem em que contesta o resultado das eleições do ano passado.
Publicada em seu perfil oficial dias após os atentados contra as sedes dos Três Poderes, Bolsonaro diz: “Lula não foi escolhido pelo povo. Ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”. O post foi apagado na sequência.
A petição cita também a apreensão de uma “minuta de decreto destinada a instaurar Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral e alterar o resultado das Eleições Presidenciais de 2022”, encontrada na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
Torres foi preso pela Polícia Federal ao voltar dos Estados Unidos no último dia dia 14 de janeiro. Ele é investigado por envolvimento nos movimentos golpistas que sucederam no dia 08 de janeiro, em Brasília.
Ademais, Bolsonaro é investigado em diversos processos, a maioria ainda em fase inicial. Os possíveis desenlaces para esse imbróglio irão afetar diretamente a vida pública de Jair Bolsonaro e seus aliados, além de terem um impacto direto na organização política brasileira.
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