por fO ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, voltou nesta terça-feira (2) ao Congresso Nacional, após 19 anos afastado. Ele participou de uma sessão especial do Senado em celebração à democracia que lembrou os 60 anos do golpe militar.
De acordo com Dirceu, ele esteve pela última vez no Congresso quando teve o seu mandato cassado pelo plenário da Câmara, em 2005, no meio do escândalo do mensalão. O convite foi feito pelos organizadores da sessão especial e do Conselho Editorial do Senado, responsáveis pela organização de um dos livros que foi lançado durante o evento.
O seu retorno foi anunciado pelo senador Randolfe Rodrigues (sem partido), líder do governo no Congresso e foi recebido por aplausos dos presentes no evento. “Meu querido José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-deputado federal, militante político da resistência à ditadura entre os anos de 1960 e 1970. Zé é uma honra, para nós, ter você conosco aqui nesta mesa”, disse Randolfe.
Em seguida, José Dirceu também discursou. “Quase não aceitei, porque desde o dia da madrugada de 1º de dezembro [de 2005], quando a Câmara dos Deputados cassou meu mandato, que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso Nacional. Mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”.
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Estavam presentes no evento presidente-executivo do Instituto João Goulart, João Vicente Goulart, filho mais velho de Jango. Além dele, a viúva do ex-presidente João Goulart, Maria Thereza Goulart, também compareceu.
O ex-ministro ainda falou em prol da democracia. “A democracia está em risco porque não se fizeram as reformas estruturais, porque não há uma democracia social. Quando uma democracia social deixa de existir, a democracia institucional, política, corre risco. Para consolidar a democracia brasileira, nosso papel é fazer uma revolução social no Brasil, desconcentrar a renda, riqueza e propriedade”, disse.
Quem foi José Dirceu durante o golpe militar?
José Dirceu de Oliveira e Silva, advogado formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Foi, também, líder estudantil nos anos 60, sendo presidente da UEE/SP em 1968. Como consequência, foi preso em 12 de outubro de 1968, durante o 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna.
Durante a Ditadura Militar, foi perseguido e banido do país em 1969. Seu exílio oficial terminou em 1980. Dirceu teve participação ativa no movimento de anistia aos julgados e condenados por atividades políticas, bem como na coordenação da campanha das ‘Diretas Já’, em 1984, a favor das eleições presidenciais diretas.
O escândalo de corrupção no Mensalão
O ex-ministro foi condenado em 2012 pelo mensalão a 7 anos e 11 meses de reclusão, mais multa. Ele acabou sendo preso em 15 de novembro de 2013. Foi processado e condenado pelo Procurador-Geral da República, sob a acusação de ser o líder do mensalão. Também foi indiciado por corrupção, peculato, extorsão e lavagem de dinheiro.
No final de 2014, por fim, foi autorizado a cumprir o restante da pena em sua própria residência. A sentença de Dirceu no mensalão foi extinta em outubro de 2016. Ele também chegou a ficar preso no âmbito da Operação Lava Jato.
* Sob supervisão de Lilian Coelho