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Senado volta a expor primeira obra de arte após ataque em Brasília

A tela de Mondin, pintada em 1967, foi encontrada no chão após os ataques. Ela estava separada da moldura, arranhada e molhada.

Senado volta a expor obra pós ataque do dia 8
Nonato Nascimento foi o responsável pela recuperação do quadro (Crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

A obra “Trigal na Serra”, de Guido Mondin, voltou a ser exposta no Senado Federal, após ser depredada nos atos antidemocráticos que ocorreram no dia 8 de janeiro. A obra foi a primeira a ser restaurada após os ataques e pode ser encontrada na Sala de Recepção da Presidência do Senado.

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Ao todo, 14 obras de arte foram danificadas durante a invasão ao Congresso Nacional. A tela de Mondin, pintada em 1967, foi encontrada no chão após os ataques. Ela estava separada da moldura, arranhada e molhada, segundo o Senado.

“Fragmentos de vidros quebrados durante a invasão e outros estilhaços provocaram arranhões e perda de policromia (várias cores). A obra estava encharcada e empenada pela umidade, depois que os vândalos acionaram mangueiras e hidrantes de combate a incêndio”, informou a Casa.

RESTAURAÇÃO

Nonato Nascimento, conservador do Laboratório de Restauração do Senado, foi o responsável pela recuperação do quadro. Nonato disse à Agência Senado que a restauração começou logo após os ataques.

Ele contou que a retirada dos primeiros fragmentos de vidro com uma trincha macia foi o primeiro passo e, em seguida, foram tomadas uma série de medidas para devolver o quadro ao estado original. “Como ele ficou muito encharcado, no dia seguinte já tinha muito fungo. Borrifei uma mistura de álcool e água no fundo da tela, onde estava a maior parte dos fungos. Removi os esporos com um aspirador e uma escova macia. Coloquei a tela entre papéis mata-borrão para retirar a umidade e, depois, em uma prensa para planificar. Fiz a reintegração cromática nos locais onde houve danos e perda de policromia”, conta Nonato.

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Nonato não deixou de comentar da ótima sensação ao finalizar o trabalho. “Quando percebi o estado em que ela estava, foi chocante. É de arrepiar. Mas, quando terminei o trabalho de restauração, foi uma alegria no laboratório. Ela ficou linda de novo, está perfeita”, diz.

Maria Cristina Monteiro, coordenadora do Museu do Senado, afirma que a recuperação de outra peça danificada pelos invasores será concluída em breve. A peça é uma cadeira do século 19, usada no Salão Nobre para a recepção de autoridades estrangeiras. Entretanto, segundo Monteiro, ainda não há um cronograma definido para a restauração, já que o tempo que levará para a recuperação de cada peça dependerá da avaliação individual de cada uma.

“Vai depender da avaliação de cada peça. A tapeçaria de Burle Marx será restaurada em São Paulo. O painel vermelho de Athos Bulcão pode levar de três a quatro meses. Fizemos uma parceria com a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, que deve ceder servidores para auxiliar o restauro. O quadro de Gustavo Hastoy, ‘Ato de Assinatura do Projeto da 1ª Constituição’, vai precisar de um projeto específico, porque é muito grande, muito pesado e está chumbado na parede. Vamos precisar contratar um guindaste específico para retirá-lo. Cada peça tem uma história”, diz.

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