Da conquista do voto feminino no Brasil, em 1932, à criação do Ministério das Mulheres, em 2023, são mais de 90 anos de muita luta feminista para que nós, mulheres, possamos disputar e ocupar espaços de poder e decisão. Hoje, estamos à frente de 11 ministérios, um marco em toda a história da democracia brasileira.
Seguimos, no entanto, sub-representadas, reflexo do machismo, da misoginia e do racismo ainda presentes em nossa sociedade. Da sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidados aos diversos tipos de violências no cotidiano, são inúmeras as barreiras estruturais e simbólicas que impactam nosso exercício pleno da democracia e nossa valorização e inserção no mundo do trabalho. Um cenário que acentua a emergência de políticas cujo foco esteja na autonomia econômica e no enfrentamento à violência de gênero, temas prioritários no Ministério das Mulheres.
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Não poderia, aliás, finalizar este texto sem antes chamar a atenção para o nome da nossa Pasta: Ministério das Mulheres – das mulheres negras, brancas, indígenas, com deficiência, LGBTQIA+, as do campo, da cidade e das águas. Estamos construindo um Ministério de e com todas as mulheres em sua diversidade com a certeza de que uma resposta realmente capaz de enfrentar as discriminações de gênero e suas intersecções com raça e etnia, classe e deficiência passa pela transformação do poder público e da sociedade.
Ainda temos muito o que avançar, porém abrimos caminho para que cada vez mais mulheres possam estar em espaços de poder e decisão, ecoando suas vozes e influenciando a elaboração de políticas e o rumo do país. Vida digna e sem violência para todas.
*Cida Gonçalves é Ministra das Mulheres e especialista em gênero e violência contra mulher. Ocupou o cargo de secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres nos governos de Lula e Dilma Roussef.