Um estudo da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, mostra que beber dois litros de água por dia pode ser um excesso. Publicada na última sexta-feira (25), a pesquisa revela que a quantidade usualmente recomendada de ingestão de água pode ser muito alta porque dificilmente corresponde às nossas reais necessidades.
Os dados obtidos revelam que a quantidade de água necessária para a manutenção do corpo humano é de 1,3 a 1,8 litro por dia, variando conforme as diferenças de idade, clima e local em que a pessoa reside. A atualização levou em conta um maior número de pessoas e também considerou a água ingerida por meio dos alimentos, o que as pesquisas anteriores tendiam a não fazer.
A pesquisa britânica deu um copo de água a 5.604 homens e mulheres de idades de 8 dias a 96 anos em 23 países diferentes, onde algumas das moléculas foram trocadas por um isótopo estável de hidrogênio, o deutério.
O resultado foi a descoberta de que a rotatividade hídrica aumenta em ambientes quentes e húmidos e em grandes altitudes. Atletas, gestantes, lactantes e pessoas que praticam um alto nível de atividade física também têm maior rotatividade hídrica.
O fator mais relevante foi o gasto de energia, com valores maiores entre pessoas do sexo masculino de 20 a 35 anos de idade, com a média de 4,2 litros de água ao dia. Entre os indivíduos mais velhos, na faixa dos 90 anos, a média baixou para 2,5 litros ao dia.
Entre as mulheres de 20 a 40 anos a rotatividade foi de 3,3 litros de água por dia, decaindo para 2,5 litros nas mulheres de 90 anos de idade.
A rotatividade também variou de acordo com o desenvolvimento do país. Nos países já desenvolvidos, as pessoas tendem a estar mais protegidas das exposições ambientais mais extremas que influenciam na demanda por hidratação.
John Speakmen é professor da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Aberdeen e explica que a renovação da água não é a mesma coisa do que a necessidade de ingestão de água.
“Um homem na faixa dos 20 anos tenha um volume médio de água de 4,2 litros por dia, ele não precisa beber 4,2 litros de água por dia. Cerca de 15% desse valor reflete a troca de água superficial e a água produzida a partir do metabolismo. Como a maioria dos alimentos também contém água, uma quantidade substancial de água é fornecida apenas pela alimentação”, disse.
O resultado dos estudos foi uma equação que prevê a quantidade de água necessária para cada indivíduo e pode ser usada para prever os efeitos de mudanças como no clima e no crescimento da população e antecipar a demanda de cada país por água.
“As equações que geramos para prever a renovação da água serão de grande benefício na modelagem das necessidades globais de água” disse o co-autor do artigo publicado, Dr. Yosuke Yamada, chefe de seção do Instituto Nacional de Inovação Biomédica, Saúde e Nutrição no Japão.
Xueying Zhang é um ex-aluno de doutorado da Universidade além de co-primeiro autor do artigo. “Calcular quanta água os seres humanos precisam está se tornando cada vez mais importante devido ao crescimento explosivo da população e às crescentes mudanças climáticas. A renovação da água está relacionada a muitos parâmetros de saúde, incluindo atividade física e percentual de gordura corporal, tornando-se um novo biomarcador potencial para a saúde metabólica”, acrescenta.