TRATAMENTO DE CÂNCER

Como funciona a vacina contra câncer que será testada em países europeus?

Ensaios clínicos contarão com pacientes do Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Espanha e Suécia, que receberão até 15 doses da vacina personalizada

Ensaios clínicos serão feitos em pessoas do Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Espanha e Suécia que receberão até 15 doses da vacina
Como funciona vacina contra câncer que está sendo testada em países europeus? – Créditos: Canva

Pacientes com câncer no Reino Unido poderão ter acesso a uma série de ensaios clínicos para um tratamento que utiliza uma vacina personalizada contra a doença. Atualmente, 30 hospitais estão inscritos na Plataforma de Lançamento de Vacinas contra o Câncer, projetada para conectar pacientes com esses testes pioneiros.

Publicidade

Essas vacinas utilizam a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), mesma utilizada nos imunizantes contra a Covid-19. O objetivo é preparar o sistema imunológico para identificar e destruir células cancerígenas remanescentes, diminuindo o risco do retorno da doença. Além do Reino Unido, os ensaios clínicos também contarão com pacientes da Alemanha, Bélgica, Espanha e Suécia, que receberão até 15 doses da vacina personalizada. A previsão é que os estudos durem até 2027.

Elliot Pfebve, de 55 anos, é o primeiro paciente a receber uma vacina personalizada contra o câncer de cólon na Inglaterra. Após cirurgia e quimioterapia, ele foi vacinado no Hospital Queen Elizabeth, em Birmingham, no norte do país.

“Estou emocionado. Pesquisei um pouco sobre o teste do tratamento. Se for bem-sucedido, será um grande avanço médico”, afirmou Pfebve em entrevista à BBC. “Pode ajudar milhares, talvez milhões, de pessoas, para que possam ter esperança e não passem por tudo o que eu vivi”, acrescenta.

Depois do tratamento inicial, exames mostraram que Elliot ainda tinha fragmentos de DNA cancerígeno no sangue, aumentando o risco de recidiva. Por isso, ele se inscreveu para testar uma vacina experimental desenvolvida pela farmacêutica alemã BioNTech.

O que é uma vacina personalizada contra o câncer?

De modo geral, as vacinas são desenvolvidas para prevenir doenças. No entanto, as vacinas contra o câncer são concebidas como um tratamento após o diagnóstico da doença. Assim como as vacinas convencionais, elas preparam o sistema imunológico para identificar e combater um inimigo, neste caso, o câncer do paciente.

Publicidade

No caso de Elliot, uma amostra de seu tumor foi enviada aos laboratórios na Alemanha, onde foram identificadas até 20 mutações específicas do seu câncer. Com base nessas informações, foi criada uma vacina utilizando mRNA, contendo instruções para as células de Pfebve produzirem proteínas mutantes exclusivas de suas células cancerígenas.

O objetivo é que essa vacina prepare seu sistema imunológico para detectar e destruir qualquer vestígio remanescente de câncer, aumentando assim as chances de que o paciente esteja livre da doença nos próximos anos.

Novos tratamentos

Victoria Kunene, principal pesquisadora do ensaio clínico no Hospital Queen Elizabeth declarou à BBC que crê numa nova fase dos tratamentos contra o câncer “Acredito que estamos entrando em uma nova era. A ciência por trás disso faz sentido.”

Publicidade

“Minha esperança é que este se torne o padrão de tratamento. Faz sentido termos algo que possa ajudar os pacientes a reduzir o risco de recorrência do câncer“, afirmou.

Apesar do otimismo quanto ao potencial das vacinas de mRNA no tratamento do câncer, elas ainda estão em fase experimental e disponíveis apenas como parte de ensaios clínicos.

Há uma expectativa de que essas vacinas, no entanto, provoquem menos efeitos colaterais do que a quimioterapia convencional. Elliot relatou que, além de uma leve febre após receber a injeção, não teve outros problemas com a vacina.

Publicidade

Ver Elliot receber seu primeiro tratamento como parte da Plataforma de Lançamento de Vacinas contra o Câncer é um marco histórico para os pacientes e para o sistema de saúde, à medida que buscamos desenvolver formas melhores e mais eficazes de combater esta doença“, afirmou Amanda Pritchard, diretora-executiva do NHS England, o serviço público de saúde da Inglaterra.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.