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Consumo de ultraprocessados pode diminuir expectativa de vida, diz estudo

a ingestão destes alimentos dobrou entre meados da década de 1980 e 2018; até 70% dos alimentos em qualquer supermercado podem ser ultraprocessados

Comer altos níveis de alimentos ultraprocessados pode reduzir a expectativa de vida em mais de 10%, segundo um novo estudo não publicado que acompanhou mais de 500 mil pessoas por quase três décadas.
Estudo foi conduzido com 500 mil voluntários ao longo de três décadas – Créditos: Canva

Comer altos níveis de alimentos ultraprocessados pode reduzir a expectativa de vida em mais de 10%, segundo um novo estudo não publicado que acompanhou mais de 500 mil pessoas por quase três décadas.

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O risco aumentou para 15% para homens e 14% para mulheres após ajustes nos dados, afirmou à CNN Erikka Loftfield, autora principal do estudo e investigadora do Instituto Nacional do Câncer em Bethesda, Maryland.

Ao serem questionados sobre o consumo de 124 alimentos, os participantes no 90º percentil superior de consumo de alimentos ultraprocessados indicaram que bebidas excessivamente processadas lideravam a lista.

“Refrigerantes diet foram o principal contribuinte para o consumo de alimentos ultraprocessados. O segundo foram os refrigerantes açucarados”, disse Loftfield. “As bebidas são um componente muito importante da dieta e contribuem significativamente para o consumo de alimentos ultraprocessados”.

Grãos refinados, como pães ultraprocessados e produtos de panificação, foram os próximos em popularidade, revelou o estudo.

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“Este é mais um grande estudo de coorte de longa duração que confirma a associação entre a ingestão de UPF (alimentos ultraprocessados) e a mortalidade por todas as causas, particularmente de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2”, comentou Carlos Monteiro, professor emérito de nutrição e saúde pública da Universidade de São Paulo, Brasil, em um e-mail.

Monteiro, que cunhou o termo alimentos ultraprocessados e criou o sistema de classificação de alimentos NOVA, explicou que o sistema classifica os alimentos desde minimamente processados — alimentos integrais, como frutas e vegetais — até processados, como carnes frias e salsichas, e ultraprocessados. Estes últimos contêm ingredientes “nunca ou raramente usados em cozinhas, ou classes de aditivos cuja função é tornar o produto final palatável ou mais atraente”, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

A lista de aditivos inclui conservantes para resistir ao mofo e bactérias; emulsificantes para evitar que ingredientes incompatíveis se separem; corantes e pigmentos artificiais; agentes antiespumantes, de volume, branqueadores, gelificantes e de revestimento; além de açúcares, sal e gorduras adicionados ou alterados para tornar os alimentos mais apetitosos.

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Riscos à saúde associados a carnes processadas e refrigerantes

O estudo preliminar, apresentado no domingo na reunião anual da American Society for Nutrition em Chicago, analisou dados dietéticos coletados em 1995 de quase 541 mil estadunidenses de 50 a 71 anos que participavam do estudo Diet and Health do National Institutes of Health-AARP dos EUA.

Os pesquisadores vincularam os dados dietéticos às taxas de mortalidade ao longo dos próximos 20 a 30 anos. Em comparação com aqueles nos 10% inferiores de consumo de alimentos ultraprocessados, as pessoas que comiam mais alimentos excessivamente processados tinham maior probabilidade de morrer de doenças cardíacas ou diabetes, de acordo com o estudo. Ao contrário de outros estudos, porém, os pesquisadores não encontraram aumento nas mortes relacionadas ao câncer.

Uma limitação importante do estudo foi que os dados dietéticos foram coletados apenas uma vez, cerca de 30 anos atrás, afirmou Green: “É difícil dizer como os hábitos alimentares podem ter mudado entre então e agora”.

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“Boom” dos alimentos ultraprocessados

A fabricação de alimentos ultraprocessados explodiu desde meados da década de 1990, com estimativas de que quase 60% das calorias diárias dos americanos vêm de alimentos ultraprocessados. Isso não é surpreendente, considerando que até 70% dos alimentos em qualquer supermercado podem ser ultraprocessados.

“Se houver algo, provavelmente estamos subestimando o consumo de alimentos ultraprocessados em nosso estudo porque estamos sendo muito conservadores”, disse Loftfield. “A ingestão provavelmente só cresceu ao longo dos anos”.

De fato, um estudo publicado em maio que encontrou resultados semelhantes — maior risco de morte prematura e morte por doenças cardiovasculares em mais de 100 mil profissionais de saúde que consumiam alimentos ultraprocessados — avaliou a ingestão de alimentos ultraprocessados a cada quatro anos e descobriu que o consumo dobrou entre meados da década de 1980 e 2018.

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