A obesidade, que vem crescendo em prevalência globalmente, está associada a uma série de prejuízos à saúde. Entre eles, destaca-se a anemia, conforme aponta um estudo recente publicado em junho de 2024 no periódico científico BMJ Global Health.
O estudo, conduzido por cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, analisou pesquisas médicas de 44 países diferentes. Esta meta-análise buscou entender a relação entre a deficiência de ferro e o excesso de peso em crianças e adolescentes. De acordo com a pediatra e endocrinologista Lindiane Gomes Crisóstomo, do Hospital Israelita Albert Einstein, essa pesquisa evidencia que a superalimentação nem sempre substitui a qualidade nutricional adequada.
Obesidade e anemia: como estão conectadas?
O conceito de “fome oculta” descreve a carência de micronutrientes vitais, como ferro, mesmo em indivíduos com excesso de peso. A anemia, causada pela falta de ferro, pode manifestar-se através de sintomas como fadiga, irritabilidade e dores de cabeça. Segundo os especialistas, o ferro é fundamental para diversas funções no corpo, incluindo o transporte de oxigênio, a cognição e a imunidade.
No estudo, uma das explicações para a deficiência de ferro em pessoas obesas é o menor nível de absorção e aproveitamento do mineral, decorrente do estado inflamatório causado pelo excesso de gordura corporal.
Qual o impacto da dieta na absorção de ferro?
Além disso, a dieta desempenha um papel crucial na absorção de ferro. Alimentos ultraprocessados, ricos em calorias, açúcares e gorduras, mas pobres em nutrientes, não fornecem quantidades adequadas de minerais essenciais. A nutricionista alerta que a falta de hortaliças, frutas e grãos integrais no cardápio é um grande problema.
Para combater a obesidade, uma alimentação balanceada deve ser introduzida desde cedo, oferecendo alimentos variados e nutritivos. A dra. Lindiane Crisóstomo enfatiza que os pais devem servir de exemplo, incentivando as crianças a consumirem saladas e evitarem refeições em frente à televisão.
Medidas para prevenir a obesidade infantil
O estímulo à atividade física desde a infância é essencial para prevenir a obesidade. A pediatra recomenda que a criação de espaços seguros e acessíveis para a prática de esportes seja uma prioridade nas políticas públicas. Além disso, limitar o tempo de tela é fundamental para combater o sedentarismo.
Entre as recomendações estão:
- Crianças entre 6 e 10 anos devem limitar o tempo de tela a duas horas por dia.
- Adolescentes não devem ultrapassar três horas diárias de uso de dispositivos eletrônicos.
Combatendo a obesidade precocemente, conseguimos evitar doenças associadas como diabetes, problemas cardiovasculares, refluxo gastroesofágico, complicações nos ossos e articulações, esteatose hepática (gordura no fígado) e apneia do sono.
Para garantir uma saúde ideal, é essencial focar em:
- Manter uma alimentação equilibrada desde a introdução alimentar.
- Promover a prática de atividade física regularmente.
- Estabelecer limites saudáveis para o tempo de tela.
- Educar toda a família sobre boas práticas nutricionais.