arritmia cardíaca

Fibrilação atrial pode estar aumentando no mundo, segundo estudo

O envelhecimento populacional e o aumento dos fatores de risco podem explicar o aumento desta condição internacionalmente

fibrilação
Fibrilação atrial, forma mais comum de arritmia cardíaca, registrou um aumento no número de pacientes nos últimos 20 anos – Créditos: Canva

Um estudo recente da Dinamarca, divulgado no The British Medical Journal (BMJ), notou um aumento nos casos de fibrilação atrial nos últimos 20 anos, a arritmia cardíaca mais comum. Dados do Brasil também indicam um crescimento modesto.

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A fibrilação atrial é caracterizada pela ativação desordenada dos átrios, as câmaras superiores do coração, resultando em batimentos descoordenados. Isso compromete a função mecânica do coração e causa má circulação do sangue, elevando o risco de coágulos que podem levar a derrames cerebrais.

Os pesquisadores monitoraram mais de 3,5 milhões de adultos de 2000 a 2022, em dois períodos de aproximadamente uma década cada, utilizando dados do Registro Nacional de Pacientes da Dinamarca.

Durante esse tempo, a probabilidade de desenvolver fibrilação atrial aumentou de 24,2% de 2000 a 2010 para 30,9% entre 2011 e 2022. Os mais impactados foram indivíduos com insuficiência cardíaca, histórico de infarto, acidente vascular cerebral, diabetes ou doença renal crônica. As complicações mais comuns após o diagnóstico incluíram insuficiência cardíaca e AVC.

No Brasil, a prevalência de fibrilação atrial também apresentou um aumento leve, de 519 por 100 mil pessoas em 1990 para 537 por 100 mil em 2019, conforme a Estatística Cardiovascular Brasil 2021.

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Para o cardiologista Eduardo Segalla, do Hospital Israelita Albert Einstein, várias hipóteses explicam esse aumento. “O envelhecimento populacional, a melhora no diagnóstico e, principalmente, melhores práticas e tratamentos, que proporcionam maior sobrevida mesmo em pacientes com cardiopatias graves, que são os principais fatores para o desenvolvimento dessa arritmia”, explicou em entrevista à Agência Einstein.  

O que pode causar a fibrilação atrial?

A fibrilação atrial pode ter diversas origens. Indivíduos com doenças cardiovasculares, como hipertensão, doenças reumáticas que afetam as válvulas, e insuficiência coronariana, apresentam um risco três a cinco vezes maior de desenvolvê-la. Isso ocorre por alterações no músculo cardíaco, resultando em sobrecarga das câmaras cardíacas e alteração da velocidade do ritmo cardíaco, predispondo à arritmia.

Problemas como o infarto e a insuficiência cardíaca podem causar fibrose, afetando a capacidade de expansão do músculo cardíaco. Diabetes e síndrome metabólica podem provocar inflamação nos miócitos, células musculares do coração, levando a mudanças estruturais no miocárdio e afetando sua função.

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A prevalência da fibrilação atrial cresce com o envelhecimento, e o aumento da expectativa de vida pode elevar a incidência da condição. Enquanto na população de 25 a 35 anos a prevalência é de 0,2 a 0,5%, ela pode atingir até 9% em pessoas entre 62 e 90 anos.

Ademais, a fibrilação atrial pode surgir em pessoas com corações saudáveis, por exemplo, devido ao uso de substâncias como cocaína, ou o consumo excessivo de energéticos, café e álcool. “É possível prevenir essa arritmia com um estilo de vida saudável, incluindo alimentação apropriada, atividade física, controle do peso e sono adequado, bem como com o acompanhamento e o tratamento das doenças que podem comprometer a estrutura do coração, se for o caso”, alerta o especialista do Einstein.

O tratamento, por outro lado, depende da fase do diagnóstico. Além de controlar a frequência cardíaca através de medicamentos e, em alguns casos, ablação (o procedimento que elimina o foco da arritmia), é importante que o paciente utilize anticoagulantes para reduzir o risco de AVC. Um especialista deve fazer o acompanhamento para avaliar as causas do problema.

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