Sem tratamento, a hipertensão “acumulada” ao longo da vida aumenta o risco de vários tipos de acidente vascular cerebral (AVC), segundo uma revisão de estudos publicada no periódico Jama. O artigo encontrou uma associação entre altos níveis de pressão arterial sistólica ao longo dos anos com eventos isquêmicos (quando há bloqueio da passagem de sangue em algum vaso) e hemorrágicos (em que o vaso se rompe).
A hipertensão é a elevação da pressão arterial e depende de fatores genéticos e ambientais. Ela é diagnosticada quando os valores são iguais ou superiores a 140 mmHg x 90 mmHg (o popular 14×9) em duas medidas feitas em ocasiões diferentes. O maior valor é a chamada pressão sistólica, que corresponde ao momento em que o coração se contrai para mandar sangue ao resto do organismo. O segundo número traduz a pressão diastólica, quando o músculo cardíaco relaxa.
No estudo, pesquisadores dos EUA, da China e de Israel revisaram seis artigos, que juntos incluíam quase 40 mil adultos acompanhados ao longo de 21 anos. Nesse período, aqueles que tiveram um aumento de 10 mmHg na pressão sistólica apresentaram um risco 20% mais alto de sofrer qualquer tipo de AVC. Além disso, essas pessoas tiveram uma probabilidade 31% maior de desenvolver hemorragia intracerebral (AVC hemorrágico) e 20% superior de AVC isquêmico.
O estudo não constatou uma associação com a chamada hemorragia subaracnóidea, que acontece entre camadas das meninges (tecido que envolve o cérebro). Mas, segundo os autores, essa falta de associação pode ser explicada pelo menor número de casos desse tipo.
“Esse período mais longo de acompanhamento permite uma compreensão mais detalhada de como a hipertensão sustentada afeta o risco de AVC”, comenta a neurologista Gisele Sampaio Silva, do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo a especialista, estudos anteriores focaram em medições mais pontuais ou médias de curto prazo.
“A inclusão da hipertensão cumulativa adicionou uma nova dimensão à avaliação da hipertensão como fator de risco, considerando a exposição a longo prazo, o que poderia influenciar estratégias de manejo contínuo do paciente, enfatizando o controle consistente da pressão arterial ao longo do tempo”, observa Sampaio.
Pessoas negras têm maior incidência de AVC
Os resultados também mostram maior incidência de AVC na população preta. Isso poderia ser explicado por diferenças em fatores genéticos, acesso a cuidados ou questões socioeconômicas que interferem tanto na prevalência quanto no manejo da hipertensão, de acordo com a médica do Einstein.
A prevenção de um AVC envolve, além do controle da pressão arterial, o gerenciamento de outros fatores de risco, como fibrilação atrial, diabetes e colesterol alto. “Intervenções de estilo de vida, como manter uma dieta saudável, realizar atividades físicas regularmente, evitar fumar e limitar o consumo de álcool, são essenciais. Exames de saúde regulares também são cruciais para detectar e gerenciar riscos precocemente”, orienta a neurologista.
Sinais comuns de um AVC
Diante das manifestações típicas de um derrame, é preciso procurar atendimento de emergência imediatamente, pois os tratamentos são mais eficazes quando administrados precocemente. Saiba quais são elas:
- Dormência ou fraqueza súbita no rosto, braço ou perna, especialmente de um lado do corpo;
- Dificuldade para falar ou entender;
- Problemas para enxergar em um ou ambos os olhos;
- Dificuldade para andar, tontura ou perda de equilíbrio;
- Dor de cabeça grave sem causa conhecida.
Fonte: Agência Einstein
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