Recentemente, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou um aumento alarmante nos atendimentos do SUS (Sistema Único de Saúde) relacionados a náuseas e vômitos, uma consequência direta da seca e das queimadas que assolam diversas regiões do Brasil. No estado do Tocantins, o aumento chegou a impressionantes 190%. Outras áreas também estão sentindo o impacto, como São Paulo e cidades como Ribeirão Preto, Araçatuba e São José do Rio Preto.
Em Goiás, o crescimento nos casos de náuseas e vômitos foi de 45%, enquanto em Mato Grosso o aumento atingiu 58%. No Distrito Federal, os atendimentos dobraram, evidenciando a gravidade da situação. Esses dados são fornecidos diariamente pelas unidades de saúde ao Ministério da Saúde.
Os desafios do SUS segundo Nísia Trindade
A ministra Nísia Trindade expressou sua preocupação com a sobrecarga no SUS, causada pelas mudanças climáticas e seus impactos na saúde da população. “É uma situação grave e que exige ação imediata. O SUS tem mostrado resiliência, mas está sendo testado como nunca antes devido aos efeitos da mudança climática,” afirmou ela à Folha de São Paulo.
Ela destacou que há um plano estratégico em andamento para enfrentar essa situação crítica, focado em reforçar os atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Estas medidas estão sendo implementadas com o apoio da Força Nacional.
As consequências das secas e queimadas na área da saúde
A ministra mencionou que os problemas de saúde associados à seca e às queimadas são diversos, incluindo náuseas, vômitos e complicações respiratórias. “Nós temos que relembrar situações anteriores, como o uso de tendas de hidratação durante a epidemia de dengue. Precisamos de soluções práticas que funcionem no terreno,” explicou.
Ela enfatizou que as ações não podem ser limitadas a discussões teóricas ou burocráticas em Brasília e precisam ser executadas diretamente nas áreas afetadas. O plano do Ministério da Saúde para combater os efeitos das queimadas e da seca está dividido em três níveis de ação: acompanhamento constante das redes de saúde e capacitação contínua das equipes médicas; montagem de tendas de hidratação nas áreas mais afetadas, para fornecer atendimento imediato; e, em casos de colapso do sistema, utilização de prédios públicos ou construção de hospitais de campanha.
Atualmente, o país se encontra no estágio inicial desta estratégia, que envolve a capacitação das equipes de saúde e a monitorização da capacidade estrutural dos estados e municípios. A ministra também ressaltou a importância de proteger os grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos, de crises alérgicas, respiratórias e cardiovasculares.
Impacto psicológico das queimadas
Além dos problemas físicos, Nísia Trindade destacou o impacto emocional causado pelas queimadas e pela seca. “O sofrimento psíquico e o estresse são enormes. Eventos como a nuvem de fumaça em São Paulo têm um impacto visual e emocional significativo, além das partículas no ar que agravam a situação,” comentou ela.
Ao ser questionada se o uso de máscaras será novamente exigido, a ministra explicou que, atualmente, essa medida não é necessária. “A situação atual é diferente da pandemia de Covid-19. Recomendamos evitar exposição prolongada ao ar poluído e focar na hidratação e umidificação dos ambientes,” esclareceu Nísia.