30 anos

SCD-1: Conheça o satélite brasileiro lançado em 1993 e o mais antigo em operação

Atualmente, a estimativa é que existem, aproximadamente, 11 mil satélites orbitando o planeta Terra, sendo uma parte bastante considerável deles já inativa

(Crédito: Reprodução/INPE)

Atualmente, a estimativa é que existem, aproximadamente, 11 mil satélites orbitando o planeta Terra, sendo uma parte bastante considerável deles já inativa. No entanto, em meio ao grande número de objetos espaciais artificias rondando nosso planeta, existe um satélite em específico que merece destaque: o SCD-1, o primeiro desenvolvido pelo Brasil e que, surpreendentemente, funciona até hoje, 30 anos depois de seu lançamento.

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Era manhã de 9 de fevereiro de 1993 quando uma aeronave da NASA partiu do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, carregando o chamado Satélite de Coleta de Dados 1, o primeiro brasileiro do tipo a ir para o Espaço. O lançamento foi um sucesso. Inicialmente, pensava-se em uma operação de apenas um ano, entretanto, ele continuou funcionando por três décadas.

Em 17 de junho deste ano, o SCD-1 completou 30 anos, 4 meses e 4 dias em órbita, assim superando o satélite japonês Geotail, que era o de operação mais duradoura até então. A longevidade do objeto, no caso, se deve ao fato de ele ser relativamente simples, mas robusto, com alta qualidade empregada no projeto e em seus componentes.

“O projeto de um satélite envolve tecnologia e o conceito que está por trás dele, para que cumpra a missão a ele destinada. O SCD-1 foi projetado para coleta de dados. Trata-se uma missão diferente de uma de imageamento, por exemplo. Ele não precisa ficar apontando para lugares diferentes, nem ter muita estabilidade”, disse Adenilson Roberto da Silva, coordenador-geral de Engenharia, Tecnologia e Ciências Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em entrevista ao G1.

Antiga fotografia do satélite SCD-1 enquanto ainda era testado
Antiga fotografia do satélite SCD-1 enquanto ainda era testado / Crédito: Divulgação/INPE

Funcionamento complexo

Um dos aspectos do projeto, que o tornaram tão duradouro, é o fato de se manter estável em órbita a partir do princípio da rotação, em vez do tradicional controle de três eixos.

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“É como se fosse um pião, que enquanto está girando fica em pé. Quando a rotação diminuiu ele tomba. O SCD-1 não precisa de computador de bordo, nem de softwares, nem de bateria, porque o próprio lançador deu o giro inicial, colocando-o em 120 rotações por minuto“, explicou Adenilson da Silva.

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Após ter sido colocado em órbita, o satélite brasileiro começou a operar, e seus primeiros sinais foram captados pela Estação Terrena de Alcântara, no Maranhão. Ainda hoje, segue fornecendo uma série de dados meteorológicos — como chuvas, velocidade e direção do vento, umidade do ar e níveis de rios —, utilizados amplamente para as previsões do tempo.

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Brasil no espaço

Uma curiosidade sobre o SCD-1 é que conta com um irmão mais novo, o SCD-2, lançado em 22 de outubro de 1998. Este, inclusive, também continua em operação, sendo desenvolvido em meio a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), criada pelo Governo Federal em 1979, que tinha como objetivo promover a pesquisa científica da área no país.

Por isso, inicialmente, o plano era de se desenvolver quatro satélites, um veículo lançador e toda a infraestrutura de solo necessária, incluindo uma base de lançamento. Os satélites, no caso, ficaram sob responsabilidade do INPE, bem como a estrutura de solo.

O SCD-1, após finalizado, poderia ser descrito com o formato de um prisma octogonal, com diagonal de 1 metro e altura de 1,45 m, pesando um total de 115 kg. Além disso, apesar de ser brasileiro, também utilizou de tecnologias de outros países, como alguns componentes eletrônicos e o painel solar.

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O satélite SCD-1 sendo acoplado ao foguete Pegasus, que o levou à órbita
O satélite SCD-1 sendo acoplado ao foguete Pegasus, que o levou à órbita / Crédito: Divulgação/INPE

O fim do SCD-1

Adenilson Roberto da Silva ainda explica, também, que por mais que o SCD-1 ainda esteja funcionando, provavelmente tem uma vida útil restante consideravelmente baixa. Somente nos últimos 30 anos, sua velocidade de rotação já caiu de 120 para 5 rotações por minuto.

Ao atingir o zero, o satélite para de operar. O pesquisador teoriza que, embora complicado apontar quando isso acontecerá, ele acredita num prazo de dois anos.

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