O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, revelou na quarta-feira que o Hamas propôs numerosas mudanças a uma proposta de cessar-fogo com Israel apoiada pelos EUA. Embora algumas dessas alterações sejam inviáveis, os mediadores estão comprometidos em superar as divergências.
Osama Hamdan, alto funcionário do Hamas, negou que o grupo tenha apresentado novas ideias. Em entrevista à TV pan-árabe Al-Araby, Hamdan afirmou que é Israel quem está rejeitando as propostas e acusou a administração dos EUA de apoiar Israel para “evitar qualquer compromisso” com um plano de cessar-fogo permanente em Gaza.
Reação dos EUA e detalhes das negociações
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, declarou que muitas das mudanças propostas pelo Hamas eram menores “e não inesperadas”, enquanto outras diferiam substancialmente do delineado na resolução do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, que apoiava o plano do presidente dos EUA, Joe Biden. “Nosso objetivo é concluir este processo. Nossa visão é que o tempo para pechinchar acabou”, disse Sullivan.
Exigências do Hamas e garantias escritas
Fontes de segurança egípcias informaram à agência Reuters que o Hamas também quer garantias escritas dos EUA sobre o plano de cessar-fogo. Izzat al-Rishq, do bureau político do Hamas fora de Gaza, destacou que a resposta formal do grupo à proposta dos EUA foi “responsável, séria e positiva”, abrindo caminho para um acordo.
A proposta de Biden prevê uma trégua e a liberação gradual de reféns israelenses em Gaza em troca de palestinos presos em Israel, com o objetivo de acabar permanentemente com a guerra. Blinken comentou que algumas contrapropostas do Hamas buscavam emendar termos previamente aceitos.
Meses de negociações e esforços diplomáticos
Negociadores dos EUA, Egito e Catar estão há meses mediando um cessar-fogo no conflito, que já causou a morte de dezenas de milhares de palestinos e devastou a densamente povoada Faixa de Gaza, além de tentar libertar os reféns. “Hamas poderia ter respondido com uma única palavra: Sim”, disse Blinken. “Em vez disso, esperou quase duas semanas e depois propôs mais mudanças, algumas além das posições previamente aceitas.”
Os EUA afirmaram que Israel aceitou sua proposta, mas ainda não declarou isso publicamente. Blinken mencionou que Washington apresentará ideias para uma administração pós-guerra e reconstrução de Gaza nas próximas semanas.
In Doha, I spoke with Qatari Amir @TamimBinHamad about the proposal to achieve an immediate ceasefire, secure the release of all hostages, address humanitarian needs, and end the war in Gaza. pic.twitter.com/xfmFICKZh0
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) June 12, 2024
Esforços para conter o conflito e descobertas da ONU
As grandes potências estão intensificando os esforços para evitar que o conflito se transforme em uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Na quarta-feira, a milícia Hezbollah, do Líbano, disparou foguetes contra Israel, que respondeu atacando os locais de lançamento.
Uma investigação da ONU encontrou que tanto Israel quanto o Hamas cometeram crimes de guerra. A Comissão de Inquérito da ONU produziu relatórios paralelos sobre os ataques de 7 de outubro e a resposta de Israel. As ações de Israel foram consideradas crimes contra a humanidade devido às grandes perdas civis.
Continuam os ataques em Gaza
Enquanto diplomatas buscavam um acordo de cessar-fogo, Israel continuou os ataques em Gaza. Netanyahu reiterou que Israel não encerrará sua campanha antes de eliminar o Hamas. Moradores relataram bombardeios em diversas áreas de Gaza, com tanques avançando em Rafah, na fronteira com o Egito. Funcionários de saúde palestinos informaram sobre mortes causadas por ataques aéreos e disparos de tanques.
Huda, mãe de dois filhos em Deir Al-Balah, expressou desesperança quanto ao fim da guerra: “Perdemos a fé tanto em nossos líderes quanto no mundo”, disse ela à Reuters. “As promessas de cessar-fogo de nossos líderes e do mundo são como palavras escritas na manteiga à noite, elas desaparecem com a primeira luz do dia.”