Mais de cem pessoas morreram e 760 pessoas ficaram feridas em uma ação de entrega de comida em Gaza, nesta quinta-feira (29). Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde palestino. O Hamas, grupo que controla a região, acusa o exército israelense de efetuar disparos contra a população.
“As equipes médicas não conseguem lidar com o volume e o tipo de ferimentos que chegam ao Complexo Médico al-Shifa, devido à fraca capacidade médica e humana”, disse Ashraf al-Qudra, porta-voz do Ministério. O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina afirmou que o desastre é “resultado de bombardeios israelenses e disparos deliberados”.
Por outro lado, as Forças de Defesa Israelenses (IDF, em inglês) negam qualquer envolvimento nas mortes e afirmam estar investigando o caso. Para os israelenses, quando os veículos carregando mantimentos entraram em Gaza, por meio da rotatória de Nablus, a multidão de milhares se aglomerou em volta e começou a saquear a comida. Nessa confusão, pessoas foram pisoteadas e mortas. Alguns palestinos também direcionaram-se aos soldados e tanques israelenses, que, segundo o jornal Times of Israel, abriram fogo após se sentirem “em perigo”.
This morning humanitarian aid trucks entered northern Gaza, residents surrounded the trucks and looted the supplies being delivered. As a result of the pushing, trampling and being run over by the trucks, dozens of Gazans were killed and injured.
— Israel Defense Forces (@IDF) February 29, 2024
“Os caminhões cheios de ajuda chegaram muito perto de alguns tanques do exército que estavam na área e a multidão, milhares de pessoas, simplesmente avançou sobre os caminhões. Os soldados dispararam contra a multidão quando as pessoas se aproximaram demais dos tanques”, afirmou uma testemunha à AFP.
O caso ocorre no dia em que o número de mortos na Faixa de Gaza bate a marca de 30 mil. O Hamas declarou que o suposto ataque comprometerá um possível cessar-fogo e até a libertação de reféns mantidos pelo grupo terrorista. Um novo acordo estava sendo discutido, no qual o Hamas soltaria 40 reféns, sendo mulheres, crianças e jovens menores de 19 anos, pessoas com mais de 50 anos e doentes. Em troca, Israel libertaria 400 prisioneiros palestinos, sem prendê-los posteriormente.
O ataque aos caminhões agrava-se quando levada em conta a dificuldade de qualquer ajuda humanitária entrar na Faixa de Gaza. Tanto bombardeios de Israel quanto saques de palestinos desesperados por comida fazem com que a média de veículos humanitários que adentram a região fique menor a cada dia. Em fevereiro, cerca de 82 caminhões com insumos dirigiram-se à Gaza em cada dia, 50% a menos do que em janeiro. Para comparação, antes do ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, a média de veículos humanitários chegava a 500 por dia.